sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Fascinação



É tu, somente tu,
que me fascina.
Me extasia,
e me ilumina

Apenas tu que some
sem sumir.
Que está presente
sem estar.
Me faz levitar

De olhar secreto,
cheio de doçura,
jeito meninice,
que me enclausura.

Com porte real
magistral,
és bela
és fascinante
envolvente,
uma eterna amante

é fascinação,
prazer de meu ser
por só ter, no meu coração...

Você.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Canibal

Fará mal quem te possuir
se não a chupar até o tutano dos ossos:
será equívoco, errôneo.

Pecará, quem te possuir,
se não a eletrificar com a língua quente,
experimentando teus temperos naturais:
deixá-la trêmula, quase com medo.

E errará duplamente se não a cozinhar bem,
mui bem cozida, antes de comê-la o cu.

(Só as Putas Acreditam em Príncipes Encantados.)




*

sábado, 19 de setembro de 2009

me mi comigo



solidão, nunca mais

hoje em dia
está na moda
ter transtorno bipolar

até seria
uma boa
ter companhia no jantar

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

ARITMÉTICA NOTURNA

Dois copos
um cinzeiro
várias idéias
nenhum rumo

Seis cervejas, dois whiskys
mililitros alcoólicos
dez da noite
noves fora
páginas rabiscadas
péssima caligrafia
sem enxergar direito
tentando escrever poesia:
completamente bêbados
não fizemos porra nenhuma
só o de sempre.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Bonito



Se o que soa de ti me agrada aos ouvidos
Digo: - és Bonito além de o rude viver
Se o eco em mim te faz arder
Acredite Bonito, me dói saber - sou adido,

Meus conflitos vivem de expedientes:
Um dia sóbrios a galgar vertigens
Noutros - estridente ócio maldito.

O ranger de dentes não é pré- requisito.

Ouça – Bonito!
O que nunca pude dizer:

A vida voa
O desejo vil
A resignação vã,

E o que resta entre nós e outras manhãs
É letivo, Te faço saber.

Alterações ortográficas vãs
Verbo no infinitivo.
Ser.

Maria Júlia Pontes

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Aspas

Abro aspas para o silêncio que nasceu de nós

Aninhou-se em minha boca semente de sonho
no ventre seco da inércia

A verdade é só minha
embora os espelhos
exijam retratação
e os estilhaços me singrem
expondo meu espólio
de cicatrizes invisíveis

Na lista de meus crimes deve constar
que matei a saudade

afogada

numa poça de ódio


Iriene Borges

sábado, 12 de setembro de 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Degusta

Talvez usar meias sete oitavos
casaco e cinta liga preta
deixar que se lambuze de leite condensado
para que conduza minha boca onde queira

posso despir a lingerie vermelha
enquanto meu corpo dança só pra você
e quem sabe com devoção de freira
eu exista apenas para te atender

quem sabe te confesse fantasias
de ritmar sob o comando de Caetano
te amar como se fosse o último dia
como se fosse meu último plano

Se preferir te levo pra um passeio
e descontrolo minha língua no seu dorso
se agradar transamos no banheiro
e de troféu, deixo marcas no pescoço

É... quem sabe de noitinha
seja sua insana, o seu par
e faça valer toda essa rima
só pra de novo degustar

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Ode à Igualdade*


Inadvertidamente tropeço no avesso das palavras
Possuem um vazio, um eco inaudível
Um silêncio que se mistura à repugnância da vida
Todas as frases e poesias vêm carregadas do acre gosto
E, ainda, do cheiro podre
De vestimentas que encobrem o corpo lazarento
.
Impossível incorporar multidões
Onde o que há é apenas vazios, infindáveis vazios
Desertos de silêncio que encobrem o grito maldito
Que ecoa dos infernos cavernais
Onde o corpo lateja em desejos de vingança
.
É preciso se conter, conter os espasmos
Que revelam o lado claro, o lado lúcido
Das coisas obscuras
É preciso reviver os enigmas,
Dar vida aos segredos
Tirar das palavras o que há de mais reles,
O que há de pecado original
Causando nos espíritos o gozo
Que vai além dos sentidos
.
Os passos descompassados fazem o eixo certo
Atravessam com exatidão a linha divisória entre a vida e o não viver
E, não viver é crime contra a própria vida
Ter medo dos prazeres, ou ainda, ignorá-los é crime maior que qualquer pecado

...............................................................................................[que se diga original
.
Não há originalidade no que é inventado como preceito de escravidão
Apenas absurdos
Declara-se desde então, no momento crucial em que a poesia sai do casulo estigmatizante,
Que a partir de agora
Todo o misticismo é simplesmente pó da estrada
Que todos os deuses estão condenados ao esquecimento
E que o homem, em seus atributos cedidos pela natureza evolutiva,
Está apto a conduzir
Através dos anos sua vida, correndo o risco de incorrer em suas próprias escolhas,
Pois já não há céu sobre si,
Já não há quem o guie, quem o marionetize,
Quem por fetiche o torne fantoche da existência.
.
Eis que o homem é senhor de seu tempo
E reconhecerá em si, o princípio das coisas
E seu final, crucial na imensa cadeia que se liga em amplitude
.
Eis que o homem pode e deve se transformar
Sem os transtornos de estar amarrado pelas mãos
Liberto das correntes que o condenavam desde o nascimento
.
Eis que o homem é dono da história
E pode, pelo poder que dispõe, lutar pela sobrevivência
Sua e de seus semelhantes,
.
Eis que suas mãos podem fazer justiça contra os comparsas,
Contra toda e qualquer forma de enganação que visa manipular,
Destruir ou escravizar
.
Eis que o homem é irmão de todos, e a terra, esta grande mãe,
Os abraça com igualdade,
Igualdade tal que deve ser em seu sentido completo
.
O único sentido para todos os homens.

.

.

.

Poema do livro ITINERÁRIO FRAGMENTADO que será lançado dia 13/09/2009 as 20h, na XIV Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Estande da Litteris Editora, no RioCentro.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Ciclo

Na dimensão
exata
etérea
de dois corpos
estão quebradas
vagas canções
de outras vidas
assim começa
assim termina
ciclo que afirma
sem opção
o céu do olhar
e o chão da língua

Caroline Schneider

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Terra

Sou como terra devastada
Por onde caminhas com pés de seda
Por onde sopram os ventos secos
Que me roubam a lágrima

Sou como terra devastada
Onde se aninhas em busca de colo
Onde ecoam estes lamentos
Que me anoitecem a alma

És minha pétala em flor
A me elevar desta aridez
A expulsar de mim este deserto
A me despertar sabores esquecidos

És este lábio de fruta
A me recordar os sentidos

terça-feira, 1 de setembro de 2009






















encardido o vento pede
para que todo desejo
dance ao sabor de brisa
e mal vem, nem avisa
que não há tempo de sonhar

do vento só traz o cheiro
da maresia dos mares
que me roubastes
avia, que a noite é breve
e o canto é quente
não seguro os meus olhos
que teimam em desobedecer-me