Em Fevereiro não poderei escrever no dia trinta, vai ser um
trinta e um!...
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
sábado, 26 de janeiro de 2013
Promoções do Dia
Diante do letreiro com as promoções do dia, a triste constatação: com os trocados que tinha, ele sequer compraria 200g de alcatra.
Por sorte, não estava ali para isso.
Sacou a arma e anunciou o assalto.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Leitmotiv
¿que
fazer com tão vasto dicionário
– repleto
de palavras duras
– de
ódio –
dessas
que insuflam catástrofes
colocam
matrimônios por terra
azedam
festas de fim de ano
¿que
fazer desses socos
–
possivelmente letais –
–
& nunca postos em prática –
aprendidos
na adolescência
com os
filmes do Bruce Lee
com o quebra-pau
na porta dos puteiros
(tanto
ódio guardado
&
ninguém digno de merecê-lo)
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Fagulhas
A água de uma poça evapora lentamente
Esvai-se a cada marcha abrupta que faz centelhas
Nenhuma outra pessoa as vê como vejo
Insprando a mente num galgar de ideias
Fazendo-me esquecer de lembrar você
Os gravetos na fogueira lentamente se queimam
Esvai-se a cada assopro de vento que faz centelhas
Nenhuma outra pessoa as vê como vejo
Inspirando - pequenas almas flutuando pelo ar
- as fagulhas
Como sonhos leves que galgam
e galgam até se apagarem
Lentamente...
Seu corpo cansado ao repouso da cama
Simplesmente
Enquanto ao observá-lo busco parâmetros
Um paradoxo para justificar minha alegria em te ver
Porque nenhuma outra pesoa o vê como vejo
Conspirando ao inspirar-me, pressupondo-se do seu riso
Falso riso
Das poucas vezes em que me abraçou e se oferta
Embora previsível, de tudo que oferece, vem isso:
Fagulhas que galgam...
Momentos...
Poema de Túlio Henrique Pereira publicado originalmente no livro O Observador do Mundo Finito - São Paulo, Scortecci Editora, 2008.
sábado, 19 de janeiro de 2013
das pessoas que pensam que eu me importo
-Paco do céu, tô passada! Esqueci meu celular em casa, peguei o maior trânsito pra voltar, e quando entro na sala, meu marido tava vendo putaria na internet! Que ódio!
Ai amiga o que eu faço, me ajuda?
-Humm, eu sempre deixo o celular em um lugar fácil de lembrar, tipo perto da bolsa.
Ai amiga o que eu faço, me ajuda?
-Humm, eu sempre deixo o celular em um lugar fácil de lembrar, tipo perto da bolsa.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
segredo
Descobri que o nosso tempo é invenção
e que existe um outro tempo:
O tempo da folha, o tempo da manga, o tempo do moinho
...
Suavemente de um galho a folha se desprende e
caí
delicadamente até o chão
em movimentos de zigue zague e zangão
uma manga despenca com velocidade diferente
trombada cadente e se esborracha como tinta dourada, ou
amarelo limão
e o moinho roda
roda sem hora marcada,
conforme a toada da
vazão d’água
que desce morosa no
leito espelhado do rio
e devagar as sombras cobrem com suas copas derradeiras
aquela água passada tal como Heráclito de Éfeso
não importa, não descobri nenhum segredo
quem vive o agora é feliz
quem vive o passado, arraigado
e quem vive o futuro, aprendiz.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Profecia maia
Não se preocupem
21 de dezembro não verá o fim do mundo
ao menos o fim do mundo como se imagina
O fim do mundo não é um planeta explodido,
um tsunami gigante,
um meteoro a la Holliwood
O fim do mundo acontece um pouco a cada dia
a cada morte violentada,
a cada acidente
a cada prisioneiro de guerra
A cada indivíduo que sofre, morre um pouco de seu mundo
Mas não imagine apenas os famintos, miseráveis, doentes
Ricos e saudáveis também sofrem
pois sua carne e sangue não são diferentes dos demais
Deixemos o calendário maia em paz
o fim do mundo de cada um não está próximo
mas impregnado em cada ser humano
E é um tigre faminto a um segundo do bote.
domingo, 13 de janeiro de 2013
sábado, 12 de janeiro de 2013
Culpa
Quando Ele apareceu, perguntando quem é que havia comido do fruto proibido, todos ficaram desesperados. Adão, que não havia sequer se aproximado da árvore, não pensou duas vezes, apontou o dedo acusador para Eva e disse que havia sido ela.
Os pássaros até hoje assobiam, fazendo-se de desentendidos.
texto do livro Colcha de Retalhos
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
Mundo hostil
Para uns, pressentimento
Para outros, pura sorte
Para os inimigos, lento
Para os antigos, a morte
Para ele, sobrevivência.
Joakim Antonio
Imagem: Hostile Environment by Rardstar
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
Sísifo
acionam-se as engrenagens
e lágrimas escorrem do meu rosto
há um vazio em mim
há um vazio no mundo
uma pedra
a mesma pedra
rolando em abismos profundos
e lágrimas escorrem do meu rosto
há um vazio em mim
há um vazio no mundo
uma pedra
a mesma pedra
rolando em abismos profundos
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
O último cigarro
O último cigarro.
O primeiro do dia.
A primeira tragada lhe provocou uma certa tontura, típica do primeiro vestígio de fumaça invadindo brutalmente o pulmão.
A última noite não lhe oferecera muitas recordações e o cheiro do último copo de whisky ainda lhe saia pelos poros. Não se lembrava da última vez em que saíra de casa - dias, semanas?
O primeiro gesto foi se sentar e soltar lentamente a fumaça, desenhando uma cortina branca pela luz fraca dos primeiros raios de sol que passavam pela janela. Os cortes, rasos, no pulso, ainda ardiam.
Cinzas no chão.
O último cigarro seria um momento para reflexão, planejamento, mudanças -
o primeiro pensamento que lhe veio a cabeça, enquanto tragava novamente, dessa vez mais pausadamente, quase um suspiro.
Fumaça
As últimas horas da noite anterior lhe vieram em flashes à mente.
As primeiras lembranças, vagas, não lhe serviram como base para um reflexão. Estranhas. Esparças. Esfumaçadas
Cinzas no chão
Melhor ir mais longe, no passado. Tragou novamente.
Primeiro, lembrou-se rapidamente da mãe. Estranho, pensou.
Fumaça
A última vez que visitara a mãe, prometera que iria mudar, parar de fumar, lembrou-se.
Melhor pensar em outra coisa. Tragou. Profundamente.
Fumaça
Cinzas.
Melhor pensar em alguma coisa, pensou.
Tragou.
Fumaça.
Cinzas
Primeiro pensar, depois refletir. Mas pensar em quê? Não havia nada para pensar.
Melhor, então, planejar, buscar mudanças, tragou.
Fumaça.
Última tragada, não há mais tempo.
Cinzas.
Melhor deixar isso pra lá, bobagem, concluiu jogando a bituca no vaso do cacto morto.
Fumaça
Melhor apanhar mais um maço na gaveta antes de sair, refletiu, talvez passasse na casa da mãe mais tarde, planejou, e não queria ficar sem cigarros pelo caminho.
Mudou o cato de lugar, talvez voltasse a viver com um pouco de sol; soprou as cinzas do chão e saiu sem protetor solar.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
Suavidade: era o que mais esperava da vida.
Suavidade: era o que mais esperava da vida.
Ela me olhava fixamente, como se procurasse respostas em meu
franzir de testa. Ou num piscar de olhos. Talvez num olhar fugidio a devanear
coisas esquecidas no silêncio dos dias. A vida vai empoeirando sonhos, soterrando
projetos, minando a alma.
A vida nos fita. Espreitando o primeiro passo em falso para
nos passar a rasteira e nos tirar o chão.
Não foi suavidade o que encontrei. Foi o tombo. A queda mais
absurda.
O corpo não flainou no espaço; não se levou pelo vento feito
pluma que se perde suavemente. O corpo desmoronou como um saco de ossos no chão da
realidade.
Arfante e em suspensão suportou o peso da desonra. O coração
apertado e a náusea aflorando na boca. Um sorriso amarelo a contornar situações
intransitáveis. O desespero de se ver confuso. A loucura de não se encontrar no
mundo.
Suavidade: era o que mais esperava da vida.
Mal sabia que carregaria tantos mortos nos ombros. Não
supunha as dores que viriam, nem imaginava os rostos que se apagariam ao longo
dos anos. Tantos olhares a perderem o brilho, tantas vidas a sucumbirem às
doenças. Tantos sonhos amputados.
Ah! Suavidade! Tanta esperança depositada em artefato tão
solúvel.
Suavidade: era o que mais esperava da vida.
Ela, porém, brincou com os sentidos. Fardo pesado e mal
medido se mostrou. Veio desconforto e fadiga.
Tenho comigo que, em um canto qualquer, ela se ri de nós. De
nossas agruras, de nosso desvelo em viver. E, quando o espírito harmoniza com
tudo ao redor, vem sorrateiramente mostrar-nos caminhos tão belos e de extrema
leveza capaz de se desfazer no emaranhado do tempo que se distrai e nos diz
festivo que já é tarde e é preciso dormir.
Suavidade: era o que mais esperava da vida.
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
ungidos
se
a cura vem pelo olho roxo
será
o morno o respirar são
o
que pode ser um paradoxo
ao
passar pelo caos da terra
e
pela falta de glória
vem
na medida do nervo
ou
frigir da história
esquece
assim da guerra infame
feche
os olhos tortos
e
vá em cega trajetória
se
guie pela mão dos mal paridos
pela
oração de estranhos
será
como estar ungido do sangue sacro
abençoado
pelo orar dos enfermos
e
amaldiçoado pelo clamar dos mortos
e
que valham todos os santos nomes vãos
o
culto dos cães raivosos arrastados pelo chão
que
elevem sua falsa glória pelo nome vão...
equilíbrio inconstante
de dois corpos
que se dobram
um contra o outro
isso se mantém
ainda que não solicitado
ambos impelidos
por forças opostas
em atrito e querer
talvez em igualdade de
embate
essa harmonia
dentro e entre
seres partidos
quase distantes
é o suspenso
o inominável.
que se dobram
um contra o outro
isso se mantém
ainda que não solicitado
ambos impelidos
por forças opostas
em atrito e querer
talvez em igualdade de
embate
essa harmonia
dentro e entre
seres partidos
quase distantes
é o suspenso
o inominável.
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