em poses instantâneas
Teatralizar-se
em vidas filtradas
Queríamos ter um milhão de amigos
não mais
Aceitamos ter um milhão de fotos
todas iguais
Naquele canto onde havia uma penteadeira
minha nova máquina de postar
Uma maçã de aço
que me lembra de coisas banais
Beber, comer, conjugaramar
Viver ainda sei soletrar
ene-a-vê-ene-gê-a-erre
Sou marujo antigo
nunca esqueço o que é preciso
Todo dia observo
centenas de juventudes eternas
Não me atraem fotografias de clones
digitalmente limpos
Quero retratos da alma intensa e suja
humanamente lindos
Joakim Antonio
Imagem: Double-Oh-Seven