Escrevia, com rimas e floreios, sobre os próprios sentimentos
Transcrevia emoções com perfeição
Infelizmente, na maioria das vezes, sentia-se vazio
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
densidade
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terça-feira, 21 de outubro de 2008
Dia após dia
Eis a hora de minha morte
Enquanto dia, tardo solitário
Sob um sol sem nome nem visco
Vejo profundo, sinto, sublimação
Sutil como o copo guarda água
Agora é o dia, quando dia findo
Temo o céu aberto, sem nuvens
Sem sombra a proteger o rio
Evaporando lentamente gotículas
Contudo, se voltam do céu as nuvens
A desaguar nas margens, subtraem
Toda a gente deste mundo
Pelo ontem e o que se foi
Acalme-se, acalme-se
Todos os dias passam e ninguém sente
O dia vale o fruto que nasce
Enquanto vivo a espatifar-se ao chão
Eis agora a sombra do horizonte
Pranto triste que o faz disforme
Glória contida, alegria pobre
Sempre, sempre irrevogável
domingo, 19 de outubro de 2008
Utopia
Falam que o amor não existe
Lutar por um sonho é para românticos
Ser você mesmo é uma meta distante
Conhecer um mundo verdadeiro é impossível
Viver um conto de fadas é para livros
Dizem que acreditamos em utopias
Na procura de uma vida melhor
Se isso é utopia
Utopia é sermos ignorantes
Em volta de pessoas hipócritas
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Ode a Maiakóvski
IV
Oh, Maiakovski! Que ânimo te arrebataste
Desta vida estúpida?
Que verme atravessara-lhe a alma
A corroer todas vossas esperanças?
Ah, meu caro poeta, seus versos traduziram
O espírito de uma época...
Teu grito, tua voz ecoaram na revolução.
Mas, onde foste?
Que miserável sentimento tomara conta de ti?
Não compreendo! Lançaste sobre vós,
Sobre vosso próprio corpo, toda a ira,
Todo despropósito em viver.
Oh, meu amigo, por que puseste uma bala
Em teu próprio peito?
Que motivos, que revoltas, que amores?
Tu foste homem, foi poeta.
Decidiste com coragem seu próprio destino,
Escreveste com a pena vossa própria pena,
E eu? O que faço de minha vida?..
Não sou tão homem, nem tão poeta,
Encolho-me sob minha casaca,
Escondo-me nas multidões,
Sou mais um, enchendo o papel de palavras,
Gritando meus silêncios e mais nada.
Ah, meu irmão, meu camarada...
Se houvesse em mim uma gota de coragem
Chegaria “às vias de fato”, esmagar-me-ia, pois.
Mas, não sou grande como vós,
Nem tenho sobremaneira vossa postura,
E, meus versos são calejados, inspirados
Na insatisfação que é a vida: que vida!
Ah, se pudesses me ouvir!
Que conselho me darias, proletário poeta?
Há tempos a vida perdeu a cor e razão
E minha inspiração está no enfado, no tédio.
Não encontro sentido na revolta, na luta,
Tudo se transformou em uma névoa obtusa,
Numa escuridão infinita, que nem percebo
O brilho da vida.
Sim, terei um dia, no desconsolo de um quarto
Escuro, a hombridade de silenciar-me.
Calarei para sempre esta voz
Que insistente vos declara minha covardia;
E, quando cessar-me de ser covarde,
Não haverá tempo pra ter coragem,
Pois minhas mãos, tremendo de velhice,
Aceitarão, resignadas, a loucura que é viver
À espera da morte.
Oh, Maiakovski! Que ânimo te arrebataste
Desta vida estúpida?
Que verme atravessara-lhe a alma
A corroer todas vossas esperanças?
Ah, meu caro poeta, seus versos traduziram
O espírito de uma época...
Teu grito, tua voz ecoaram na revolução.
Mas, onde foste?
Que miserável sentimento tomara conta de ti?
Não compreendo! Lançaste sobre vós,
Sobre vosso próprio corpo, toda a ira,
Todo despropósito em viver.
Oh, meu amigo, por que puseste uma bala
Em teu próprio peito?
Que motivos, que revoltas, que amores?
Tu foste homem, foi poeta.
Decidiste com coragem seu próprio destino,
Escreveste com a pena vossa própria pena,
E eu? O que faço de minha vida?..
Não sou tão homem, nem tão poeta,
Encolho-me sob minha casaca,
Escondo-me nas multidões,
Sou mais um, enchendo o papel de palavras,
Gritando meus silêncios e mais nada.
Ah, meu irmão, meu camarada...
Se houvesse em mim uma gota de coragem
Chegaria “às vias de fato”, esmagar-me-ia, pois.
Mas, não sou grande como vós,
Nem tenho sobremaneira vossa postura,
E, meus versos são calejados, inspirados
Na insatisfação que é a vida: que vida!
Ah, se pudesses me ouvir!
Que conselho me darias, proletário poeta?
Há tempos a vida perdeu a cor e razão
E minha inspiração está no enfado, no tédio.
Não encontro sentido na revolta, na luta,
Tudo se transformou em uma névoa obtusa,
Numa escuridão infinita, que nem percebo
O brilho da vida.
Sim, terei um dia, no desconsolo de um quarto
Escuro, a hombridade de silenciar-me.
Calarei para sempre esta voz
Que insistente vos declara minha covardia;
E, quando cessar-me de ser covarde,
Não haverá tempo pra ter coragem,
Pois minhas mãos, tremendo de velhice,
Aceitarão, resignadas, a loucura que é viver
À espera da morte.
sábado, 4 de outubro de 2008
Segredos da Monarquia
Escondo-me sob o manto de rainha
Mas quero o súdito mais rude da corte
A penetrar meu ventre ordinário de mulher
Quero gritos de plebéias
Transpiração de rameiras
Gemidos de cortesãs
Que façam ecoar em meu ser as trombetas dos cavaleiros
A guerrear nas savanas do meu reino
Quero ser devorada como faisões de banquetes reais
Sobre colchões de feno
Nos currais
Dou meu cetro de poder
A quem, mesmo de soslaio possa
Retirar-me do mediterrâneo inferno
Que é viver
Sem uma centelha de prazer...
Caroline Schneider
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