Pobre do poeta que crê poder tomar da natureza a beleza. Quantos são os que pensam que a escolha de um tema belo garante a criação de uma escrita também bela? Erro essencial. A beleza na escrita é outra.
- Mas poemas sobre o espírito são tão belos. Ou então os que têm flores e pássaros; adoro esses mais bucólicos!
A beleza verdadeira é em essência revolucionária, pois insubmissa. Não importa o tema ou a motivação, pois ela transborda temas e motivações. É insubmissa, pois indiferente e independente dos meios que a produziram. Depois de feita, tem vida própria – imprevisível.
- E o coração, a lágrima e a solidão? Sim, as rimas. E as rimas?
Não há regra para isso, pode ou não haver rimas. Não há garantia gramatical na produção da verdadeira arte. O fato é que se está sob controle não é verdadeiro. Por isso, toda ditadura teme a beleza da arte, mas deseja a plasticidade da publicidade.
- Então era isso! O tal engajamento.
Quem falou disso? Pode ser, ou não. A questão nunca foi essa. Os livros que importam são os primeiros a serem queimados. Não é o tema, é a potência. Se tiver os dois, então... O que interessa é saber que toda beleza verdadeira, por sua simples presença, quebra a ordem previsível imposta pelos determinismos históricos.
THORPO
3 comentários:
Já havia lido o texto no Bar, e elogio-o novamente por sua capacidade, meu amigo! Beijo!
É isso aí Thorpo, não devemos ter preconceito contra os poemas clássicos, os concretistas, os parnasianos... todos tem sua beleza. Aliás, basta ter olhos e sensobilidade para ver beleza em toda forma de literatura.
"Por isso, toda ditadura teme a beleza da arte, mas deseja a plasticidade da publicidade."
"saber que toda beleza verdadeira, por sua simples presença, quebra a ordem previsível imposta pelos determinismos históricos.'
Destaco esses dois momentos,de impacto e verdade.Seus pensamentos são muito contudentes...gosto de ler o que escreve...
Postar um comentário