*** para ler ouvindo Forest - System of a down ***
- Corra Athena! Corra!!!
Essa foi a última coisa que Athena conseguiu ouvir. Ela correu mais rápido do que jamais imaginara poder correr. Defendia sua vida naquela corrida. Tinha que correr, tinha que fazer seu corpo resistir ao cansaço que já ameaçava aparecer. Ela forçava os pulmões para respirar, mas o ar já não vinha. Athena correu sem olhar para trás. E, como num filme de terror, quando ela achava que ia conseguir, caiu. Ela caiu e perdeu alguns segundos preciosos até conseguir se levantar e voltar a correr. As pernas não obedeciam, queriam descanso. A cabeça doía e os olhos estavam turvos. Falta de ar. Dor. Mas ela olhava sempre à frente e repetia mentalmente aquelas palavras: “Corra Athena! Corra!”. Tinha que resistir, se não fosse por si mesma, mas pelas pessoas que a libertaram. Tinha que conseguir chegar o mais longe possível daquele lugar, e deixar lá toda a dor e todo o sofrimento que vivera. Tinha que correr. Já conseguia ver o sol por entre as árvores, devia estar chegando ao final da floresta. Seus cabelos já estavam cheios de folhas. Seu rosto cortado pelos pequenos galhos das árvores que batiam em sua face com força enquanto tentava correr e desviar deles. Por mais de uma vez enfiou os pés em buracos, tropeçou em raízes expostas. Sentiu um ardor na palma da mão, e descobriu que havia se machucado na queda, estava com mãos e braços sangrando. Já não sabia mais o que faltava acontecer. Como num sonho, sentiu que flutuava para fora da escuridão da floresta, que não precisava mais forçar pernas e pés a se moverem... Como num sonho... Sentiu de repente uma dor lancinante nos pés, e pensou que deveriam ser espinhos cravados na carne desafiando-a a desistir da corrida. Ela não desanimou, seguiu correndo e lançando o corpo à frente o máximo que podia. Seus ouvidos doíam com o barulho cortante do vento. Seus olhos agora estavam cheios de lágrimas e ela piscava para tentar afastá-las, mas a cada tentativa elas aumentavam mais e tornavam a sua visão ainda mais difícil. Seus lábios e sua boca estavam secos, ela precisava correr ainda mais rápido para alcançar água e saciar sua sede. Athena pensava já ter corrido tanto e estar tão distante, que parecia ouvir o som de tambores sendo tocados em algum lugar à frente. Ecos dos batimentos frenéticos de seu coração. Nunca pensou que chegaria tão longe. Correu e adentrou ainda mais na floresta lúgubre, tentando fugir da escuridão. Deixou os tambores e seus medos para trás, lá onde a floresta ainda não era escura e não assustava. Se conseguisse atravessar e chegar do outro lado, onde vira aquela luz.... Imprimiu ainda mais força nas coxas para conduzirem a corrida e esqueceu a dor nos pés, cuidaria deles mais tarde. Cuidaria de si mesma como nunca fizera antes. A luz foi ficando maior e mais nítida: cegava. Fazia doer as retinas e queimava a pele tão acostumada à ausência do sol. Athena correu, faltava pouco. Chegou ao fim. E no fim encontrou algo totalmente inesperado. Se assustou com aquilo e não conseguiu refrear a corrida a tempo. Na obsessão de chegar ao outro lado, não pensara no que encontraria lá. Era um penhasco. Ela tentou parar na beira daquele abismo sem fim, mas suas pernas não obedeceram ao seu comando, e Athena caiu. Se jogou num vôo leve e se deixou flutuar sem pensar no fim, sem pensar no que faria quando encontrasse o chão. Athena parou de correr e voou. E era apenas uma criança novamente. Aproveitando a queda livre ouviu nitidamente palavras conhecidas ecoarem em sua mente tomada pela liberdade:
- Bata as asas Athena! Voe!!!
Essa foi a última coisa que Athena conseguiu ouvir. Ela correu mais rápido do que jamais imaginara poder correr. Defendia sua vida naquela corrida. Tinha que correr, tinha que fazer seu corpo resistir ao cansaço que já ameaçava aparecer. Ela forçava os pulmões para respirar, mas o ar já não vinha. Athena correu sem olhar para trás. E, como num filme de terror, quando ela achava que ia conseguir, caiu. Ela caiu e perdeu alguns segundos preciosos até conseguir se levantar e voltar a correr. As pernas não obedeciam, queriam descanso. A cabeça doía e os olhos estavam turvos. Falta de ar. Dor. Mas ela olhava sempre à frente e repetia mentalmente aquelas palavras: “Corra Athena! Corra!”. Tinha que resistir, se não fosse por si mesma, mas pelas pessoas que a libertaram. Tinha que conseguir chegar o mais longe possível daquele lugar, e deixar lá toda a dor e todo o sofrimento que vivera. Tinha que correr. Já conseguia ver o sol por entre as árvores, devia estar chegando ao final da floresta. Seus cabelos já estavam cheios de folhas. Seu rosto cortado pelos pequenos galhos das árvores que batiam em sua face com força enquanto tentava correr e desviar deles. Por mais de uma vez enfiou os pés em buracos, tropeçou em raízes expostas. Sentiu um ardor na palma da mão, e descobriu que havia se machucado na queda, estava com mãos e braços sangrando. Já não sabia mais o que faltava acontecer. Como num sonho, sentiu que flutuava para fora da escuridão da floresta, que não precisava mais forçar pernas e pés a se moverem... Como num sonho... Sentiu de repente uma dor lancinante nos pés, e pensou que deveriam ser espinhos cravados na carne desafiando-a a desistir da corrida. Ela não desanimou, seguiu correndo e lançando o corpo à frente o máximo que podia. Seus ouvidos doíam com o barulho cortante do vento. Seus olhos agora estavam cheios de lágrimas e ela piscava para tentar afastá-las, mas a cada tentativa elas aumentavam mais e tornavam a sua visão ainda mais difícil. Seus lábios e sua boca estavam secos, ela precisava correr ainda mais rápido para alcançar água e saciar sua sede. Athena pensava já ter corrido tanto e estar tão distante, que parecia ouvir o som de tambores sendo tocados em algum lugar à frente. Ecos dos batimentos frenéticos de seu coração. Nunca pensou que chegaria tão longe. Correu e adentrou ainda mais na floresta lúgubre, tentando fugir da escuridão. Deixou os tambores e seus medos para trás, lá onde a floresta ainda não era escura e não assustava. Se conseguisse atravessar e chegar do outro lado, onde vira aquela luz.... Imprimiu ainda mais força nas coxas para conduzirem a corrida e esqueceu a dor nos pés, cuidaria deles mais tarde. Cuidaria de si mesma como nunca fizera antes. A luz foi ficando maior e mais nítida: cegava. Fazia doer as retinas e queimava a pele tão acostumada à ausência do sol. Athena correu, faltava pouco. Chegou ao fim. E no fim encontrou algo totalmente inesperado. Se assustou com aquilo e não conseguiu refrear a corrida a tempo. Na obsessão de chegar ao outro lado, não pensara no que encontraria lá. Era um penhasco. Ela tentou parar na beira daquele abismo sem fim, mas suas pernas não obedeceram ao seu comando, e Athena caiu. Se jogou num vôo leve e se deixou flutuar sem pensar no fim, sem pensar no que faria quando encontrasse o chão. Athena parou de correr e voou. E era apenas uma criança novamente. Aproveitando a queda livre ouviu nitidamente palavras conhecidas ecoarem em sua mente tomada pela liberdade:
- Bata as asas Athena! Voe!!!
Um comentário:
Que texto viciante! Do tipo que não se consegue ler só uma vez. Casou perfeitamente com a música. Vc me obrigou a correr e voar junto com Athena =)
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