I - Inferno
Nenhuma
pista ou clareira
para
tentar a aterrissagem
ademais
o
trem de pouso emperrado
Retornar
ao lar
– oh
estações oh castelos! –
e
ninguém ter dado pela sua falta
II -
Purgatório
A TV
ligada para ninguém
– em
consultórios ortopédicos –
o
cheiro do tédio das atendentes
&
o clamor dos telefones
A
fila de mulheres pensativas
–
nos pronto-socorros –
as
crianças tossindo em seus colos
o
senhor debruçado sobre as rugas
A
ante-sala dos CTI’s
as
antecâmaras das policlínicas
os
azulejos brancos,
o
ventilador de teto
–
nas salas de espera dos centros de radiologia –
e
nos demais lugares onde a morte fareja
III
- Paraíso
Praticamente
nada a fazer senão para o pobre agente do Centro
de Controle de Pragas. A nuvem de veneno borrifada sobre as macieiras rouba
o brilho das asas dos anjos e embaça o aço de suas espadas. De manhã, o
batalhão de arcanjos em ordem unida, treinando para a possível batalha. E é
sempre manhã, aonde quer que se vá. Longa manhã de profunda ressaca. Os que
leram estão de acordo, é o mesmo paraíso descrito por Dante. Um saco!
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