Bandido estupra e mata anciã. Traficante vende, não entrega e esfaqueia. Parou no sinal e perdeu o carro. Pivete chapado mata por um relógio quebrado. Pedreiro faz sexo com nenê da vizinha. Mais uma rebelião no presídio.
São manchetes diárias dos nossos jornais. Na verdade não são manchetes, são apenas chamativos das páginas internas do jornal. Às primeiras páginas cabem as verdadeiras notícias de destaque: política, economia e esporte. Os fatos corriqueiros de morte e violência, de tão comuns ficam com as páginas centrais. Os acontecimentos só recebem relevo quando o algoz ou a vítima são pessoas de notório destaque. Se o seqüestrado for apenas rico não receberá sequer uma linha dos jornais.É a banalização da morte, a vulgarização do crime. É o cotidiano. Ninguém mais se importa.Os presídios estão superlotados, os policiais não têm formação, os processos percorrem um lento e burocrático caminho, as leis estão obsoletas e se contradizem, sempre há mais uma instância a ser recorrida, a corrupção atinge até juízes. As estatísticas informam que menos de 20% dos criminosos acabam condenados e destes, menos de 15% cumprem toda a pena.O bandido tem a certeza da impunidade. Ao cidadão cabe esperar apenas pela justiça divina. Ao perceber à sua volta um rastro de terrores ela passa a desejar a morte do malfeitor. A morte preferencialmente em julgamento sumário e execução em praça pública.Se não houver uma reviravolta em todo sistema, breve tornaremos à Idade Média e teremos como manchete: Povo brasileiro exige pena de morte.
5 comentários:
É.
The life as it.
Pena ser (pseudo) poeta.
Queria ser justiceiro. Exterminator.
Purgar o mundo. Mandar a vagabundagem dasalmada p'ra vala.
Boa, klotz!
É bem por aí...
Belo e atual texto, com o velho padrão Klotz de qualidade.
Pena que a vida tá assim mesmo.
Texto contundente, Mestre Klotz.
ficanapaz
Sua maestria me faz reverênciar, maravilhoso. Ao visitar seus texto tenho garantia de boa leitura. Textos sociais, contestadores. Muito bom. Beijo!
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