- Livro bom, meu amor, é aquele gasto, surrado, triturado por olhos que entenderam muito, pouco, ou nada do que eles queriam dizer.
- Gosto dos sapatos, mesmo os de salto baixo, meio ofuscados na vitrina. Sempre fiquei retraída em entrar nas lojas mais chiques, mas agora estou indiferente a qualquer coisa que possa vir a me impedir de comprar meus sapatos. Até as vendedoras que tentam imitar o meu nariz empinado.
- Estávamos falando de livros.
- Ah, é. Detesto aquelas marcas de dedos sujos na lateral branca do livro fechado. Detesto dedicatórias de autores que nunca mais irão se lembrar de seus leitores.
- Você tá amarga...
- Amarga tanto assim eu não estou não, mas, eu detesto esse monte de livros que você junta.
4 comentários:
- E quem disse que eu gosto dos seus sapatos de merda, amor?
Muito bom este conto! E, não é que muita gente detesta isso tudo a que chamamos "cult". A gente que curte parece extraterrestre perto deles.
flávio tem razão. somos extra-Terrestres porque temos na veia um trem descarrilhado chamado arte.
Bom, gostei do conto, muito bom, principalmente o final.
Abraço.
Isaías, aumentando a sua coleção de bons contos! Esse, em especial, tem todos os elementos essenciais. Muito bom!
Abraços!
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