- Descobri que tô com câncer.
- Puta merda....Mas o que que é, dá pra resolver?
- Infelizmente não. Devo ter mais uns quatro, seis meses no máximo.
- E a sua mulher?
- O que ela tem a ver com isso?
- ....
- E o que você pretende fazer?
- Vou começar uma limpeza.
- Como assim?
- Vou fazer minha parte e limpar o mundo de pessoas que não merecem estar por ai.
- Vai apagar um desgraçado, tipo, quem?
- Sei lá, as opções são várias, um pedófilo, estuprador.
- E se te pegarem?
- Não importa, vou morrer mesmo, assim pelo menos saberei que o
mundo estará um pouquinho melhor.
- Cara. Teu câncer é na cabeça?
- Cala a boca.
Começou a pesquisar nos jornais, revistas, sites, sobre os maiores
criminosos do país, a maioria já estava na cadeia, mas para sua sorte
descobriu, no próprio bairro, um pedófilo. Descobriu pela internet que o
crápula havia marcado um encontro em um shopping da capital com uma menina de
doze anos e resolveu interferir. O pegou na porta de casa, na saída para o
encontro. Deu um tiro na cabeça. Antes de ir embora deixou uma carta sobre o
corpo, com uma cópia de seu manifesto de limpeza humana e um DVD com todas as
provas sobre a má índole do cadáver. Foi tomar um café. A imprensa explodiu a
notícia. Vinte dias depois estava morto, consumido pelo câncer.
Em instantes, suas ideias tinham se tornado o maior viral da história da
internet. Por todo o mundo se comentava o manifesto terminal, principalmente
nos grupos de apoio a doentes terminais. Um mês depois já tinham ocorrido mais
de duzentas mortes de pedófilos, estupradores, espancadores de mulheres,
políticos inescrupulosos. Dois meses depois já haviam somado mais de 3 mil, por
todo o mundo.
O movimento acabou mudando e além dos doentes terminais, alguns idosos
resolveram aderir a causa e nos últimos dias de suas vidas auxiliar na limpeza.
Muitos não iam até o fim, mas ajudavam coletando material para identificar os
vagabundos.
E assim está sendo, agora mesmo. O fim chegou, até que enfim.
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