Estou no oculto, no subliminar, nas entrelinhas, nas reticências, dentro dos parênteses. Eu estou atrás da cortina, debaixo da cama, dentro do quarto trancado. Meu desígnio é estar perto, mas ao mesmo tempo longe. Porque eu estou apenas no desejo, na ânsia e na fome; Na tinta da caneta, no papel não feito, nas jóias que não brilham. Estou no aperto, no lotado, em grandes espaços, no oculto da fantasia, dos contos de fadas, nos livros de sabedoria. Minha vida é estar no canto, observando como espectador, tudo em volta, girar como uma roda. É contemplar a vida no auge do limiar, no limite do horizonte.
No oculto ninguém me vê, estou invisível, apenas paralelo ao mundo real. É no oculto de um olhar, de um piscar, de um grande bocejo, ou em uma palavra não dita. Estou dentro do cheio, fora do oco, estou limpo no sujo, sujo no limpo. Estou nos bastidores de um filme, atrás das câmeras, na luz que não ilumina, na sombra que não é escura. Sou coadjuvante das pessoas, sou a sombra, a lágrima que cai, o abraço que nunca foi feito, a mão que nunca foi apertada.
Estou no oculto, no sótão, no porão, na prisão, sozinho na imensidão; estou sem estar num lugar sem existir, invisível no visível, visível no invisível, estou preto no branco, branco no preto. Na reta da curva, na curva da reta.
Estou apenas em mim mesmo, no finito do infinito...
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