sexta-feira, 10 de setembro de 2010

nem a nem b nem nada


cousins by Jrwooley6

(ó)lho e o (ô)lho dói; é de mim que falam não não é. corro e continuo ouvindo suas vozes toscas – grito, fixo, estaco. bebe um pouco mais, goza um pouco mais. Ri-se toda, foge. Fujo eu. Cá estou no centro do peito e um acorde baixo desce melancólico pela garganta seca.
escarro, normal, no meio da festa. essas mulheres estão gozando com minha cara. eu pego a bandeja de copos e cuspo em cada um deles. Elas pintam suas bocas grossas e exibem suas línguas sujas. eu corro, corro mais, elas me perseguem.
talvez você não saiba do que estou falando mas é disso mesmo, um nada, um tapa na minha cara de tanta verdade misturada. odeio esse dia, quero ir, e quanto mais eu grito, mais quieta fico e essas pessoas estão rindo como se o mundo realmente não fosse acabar amanhã.
tem um tambor ecoando na minha cabeça e o som da guitarra se torna mais forte, doloroso, tem sinos nos meus tímpanos. eu quero pular, mas hoje não posso. eu me infernizo com os fantasmas que insistem em permanecer vivos. Estaco, paro. (ó)lho um (ô)lho morto, ele olha para mim e abre caminho a machadadas em meu corpo. Eu tremo. Vou me abrindo e me dissecando, caio.
Sou eu ou é você? minha essência está escorrendo pelos meus ouvidos e pelo meu sexo latejante eu sofro eu suo eu mijo eu sonho eu vomito. Você continua parado a me olhar. num ímpeto pulo, danço sobre mim mesma e há essa guitarra que me arde em cada toque nas cordas.

Um comentário:

L. Rafael Nolli disse...

Cris, muito bom o texto. Tem uma linguagem refinada.