É inútil a palavra
Aflorando das murchas manhãs de inverno
Rasgando a carne de nomes que se confundem
A outros nomes e almas que se dissipam
Na neblina turva do ar sepulcral
Que se eleva
Na orla intangível da vida.
É inútil o verso
Travestido de incongruências e dissonâncias
Que escapam entre os dedos
Transbordando medo e insônia
Tédio da vida escassa de anseios
Que perpetua a inalterável
Transposição rotineira das horas.
É inútil a poesia
Impregnada do ocaso dos dias cinzentos,
Seu sopro morno nas têmporas
Rotulando o caminho impreciso
Em tempos de angústia e espera
Lamento intenso – quimera –
Por ver toda a vida perdida.
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