quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Para sempre


De olhos fechados, eu me movia para cima e para baixo, como um pêndulo, no movimento circular que ele, sob mim, mãos machucando-me o seio esquerdo e a cintura, tanto gostava. Gozei primeiro e, sem pressa, esperei até que ele gozasse, para cravar o canivete, três centímetros e meio à direita da metade do pescoço, abrindo-lhe, a um tempo, a jugular e a carótida, no momento exato em que, dentro em mim, ele jorrava. Sempre ouvi dizer que morrer na hora do orgasmo eterniza o gozo.



Márcia Maia


em Dedo de Moça, uma antologia das escritoras suicidas

3 comentários:

L. Rafael Nolli disse...

Cortante! Márcia, fiquei preso, hipnotizado nessa prosa! Li sem piscar!
Beijos!

Daniel disse...

Muito, muito bom

Graça Carpes disse...

Afiadíssimo!
Bjs