segunda-feira, 1 de março de 2010

tramontina

trago marcas de faca no peito, no ombro esquerdo e nas pernas. foi a falta de amor de meu pai por minha mãe que causara tais cicatrizes. herdei dele o abandono precoce e da minha mãe os amantes. e é aí que a minha história se parece com a de Carlos, a diferença é que não acredito em espíritos. no vigésimo sétimo capítulo, eles arrastavam um corpo para o rio, quase não havia sangue, não fosse o orifício no peito do primeiro tiro, o único que sangrava. os amores rasgam feito as facas de cozinha, pouco afiadas para não cortar os dedos, mas pontiagudas e no tamanho ideal para furar fundo.

4 comentários:

*Mi§§ §impatia* disse...

Ótimo texto Larrisa.
Linda semana pra ti.
Beijos.

L. Rafael Nolli disse...

Du caralho esse texto, Larissa!

Cris disse...

E a gente insiste, se recupera de uns golpes de morte e, depois, começa tudo de novo.
Excelente.

Larissa Marques - LM@rq disse...

e a gente nunca se recupera.