Há uns bons 5 anos que ninguém me desejava Feliz Aniversário.
E aí era sempre a mesma coisa: eu colocava o celular pra despertar e fingia atender pessoas que me amavam, um amor antigo ou um familiar próximo inexistentes.
Mas naquele dia nem isso eu fiz, por preguiça ou tristeza mesmo.
Dentro do meu novo círculo social não menos insuportável que os outros, inventei que era filha única e órfã, tanto porque é quase mais ou menos isso mesmo, e aí nem tinha o que ou quem atender.
No finalzinho do dia, ele entrou no meu escritório e disse, tímido, Feliz Aniversário, querida.
Comovida, o abracei e deixei escapar um suspiro em seu ombro, até que enfim alguém lembrou, alguém viu que eu existo, pensei.
Ele, que não entendeu nada, entendeu tudo errado e pegou na minha bunda.
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