O pai se ergueu do sofá,
caminhou até a janela e, de costas para o filho, começou a discursar:
__ Garoto, dias assim me remontam
aos anos em que passei na cadeia. Dias terríveis, angustiantes. Neles, as horas
escorriam lentas e dolorosamente. Como eu sofri, meu filho, como eu sofri.
Uma pausa. Cabisbaixo, o pai
cobriu os olhos com a mão, enquanto gesticulava negativamente com a cabeça.
__ Eu cometi um erro, filho.
Fui seduzido pelo caminho mais fácil e paguei por isso. Por favor, pelo que há
de mais sagrado, não faça o mesmo.
__ Tá bom, pai, vou ficar
atento a isso. Mas... o quê te lembra da cadeia nos dias de hoje? O céu
nublado? O ritmo desacelerado do domingo?
__ Não, o arroz empapado da
sua mãe. Hoje, o almoço foi uma tragédia, igual aos da penitenciária.
5 comentários:
Mudou de casa mas a gororoba é a mesma.
Sensacional...
Ai que infelicidade! Meu arroz é assim tb.
Muito bom o texto!
A analogia está bem conseguida! Parabéns.
Obrigado pela leitura, amigos.
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