Foto: António Barrocas
Acordo na madrugada em meio ao silêncio, o frio e a solidão e, me vejo ser transportado a outros tempos, outros lençóis. Ali, sob a luz do abajur, contemplava tua silhueta sob a camisola. Tua pele macia, teus seios a se avolumarem sob a seda. Teu sorriso enquanto dorme e, ao abrir os olhinhos sussurrando "que foi?", já sabendo o que viria a ser. Lascivamente, meus dedos percorrem seu corpo, enquanto minha boca se encontra levemente com teu pescoço e percorre o caminho até tua boca. Num beijo demorado sugamos a essência do outro, mudamos de alma, transbordamo-nos de nós. Nossa sombra na parede procura imitar-nos, embora nunca compreendam a delícia que é estarmos sós, sobre nossos lençóis. Minha língua mapeia cada pedacinho de ti, teus montes, relevos, reentrâncias. Descubro os mistérios que eriçam teus pêlos, que enrijecem teus seios e te umedecem inteira. Em desafio, tu me tocas. Desliza em meu corpo, percorre com teu véu o meu peito. Debruça sobre mim o teu dorso, roçando os mamilos em minhas coxas; suavemente me lambe, me arranha, me morde, me chupa. Retribuo com as pontas dos dedos a deslizar em tuas costas, a encontrar em tua nuca o teu declínio. Suborno-te com gestos e palavras para que me dê o que lhe dou. E, tu, sem relutar me concedes estar entre tuas coxas a lamber-lhe o sexo, a acariciar tua prenda. Ambos invertidos contemplando de olhos fechados o deleite alheio. Sussurros, gemidos. Tapas, mordidas. Em instantes estamos unidos, corpos que se encaixam no frenesi dos suspiros. De repente, desvairada, você grita: "me fode, vai... mete gostoso, meu garanhão... ahh... ahh... ui... uuuuu". E, eu, sem temer represália, mordisco teus mamilos e falo em teu ouvido: "isso minha putinha, rebola gostoso... ahh... ahh... uhhhh". Enlaçados assim, digladiamos até que nosso corpo tombe. Na pele o cheiro, o suor, o óleo a sair dos poros. E, nós, na certeza de amar-nos, já imaginávamos o próximo round, ensaiando as mesmas carícias de antes, recompondo os ânimos, nos tocando, descobrindo-nos a cada instante. Teus olhos mergulhados nos meus espelhos, enquanto eu me via espelhado nos teus. Sorriamos e principiávamos o embate.
Não sei por que a noite me roubara o sono. Talvez apenas, para trazer de volta estas lembranças. Talvez uma tortura involuntária. Talvez. Sei que não há nada que se compare, por mais que eu busque, não há faceirice como a sua ao me amar. Não encontro outro corpo, outros toques; mesmo com os desejos a flor da pele a enrijecer meus prazeres em busca da explosão. Os teus ficaram na alma, impregnados que, em outros braços, faço um eterno retorno ao paraíso que era nosso; e, acordo na manhã seguinte numa ressaca de sexo, precisando lavar-me para limpar o que macula a alma.
3 comentários:
hummm,lindo....ufa
erotico, p muito alem da pornografia.
valeu!
a perereca abre a boca
se falo
e engole até o talo.
Muito bom Flávio.
Parabéns e grande abraço.
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