sexta-feira, 30 de maio de 2014

O BONITO E O FEIO

Maio. Duelo marcado para o pôr-do-sol, ao esconder-se o Sol, mudando do dia para a noite, tiros a rasgar o crepúsculo!



segunda-feira, 26 de maio de 2014

Aclamação

A cortina deixou uma fresta e ele olhou para fora. Daquela altura, a vista era bem ampla. Abaixo, uma multidão em frente ao prédio. Um garoto apontou o dedo: tinha sido reconhecido. Outros também ergueram a cabeça. Logo todos. Gritavam seu nome, agitavam cartazes. E ele sorriu: era célebre, finalmente.


O policial percebeu o descuido e o puxou pelo pescoço. E enquanto retornava para o interior da sala de espera, ele ignorou que, após seu nome, a população adicionava um adjetivo  - culpado.

domingo, 25 de maio de 2014

Na busca por uma luz





“Não ganha quem não enfrenta. Não encontra quem não arrisca buscar. Ao enfrentarmos nossos piores medos e obstáculos, a luz fica ao nosso alcance.”


No caminho que percorremos, em busca de respostas, topamos com muitos obstáculos. O preço para conseguir encontrar razões e motivos pra viver, ou, até o sentido real de ser nesse mundo, nos leva a vivenciar experiências insólitas, e nos dá plena consciência que existem coisas que não são mensuráveis. Aí então é que reside a questão. E tudo o que nos empurra e nos faz seguir o passo recai por entre nossos braços, fazendo com que abramos os olhos e possamos enxergar um lado obscuro e embaçado. Na busca por uma luz, notamos que certo ritmo pode causar frustrações, tropeços e decepções. Caminhamos no escuro, desbravamos o mais íntimo de nossas almas, com o intuito de encontrar uma finíssima luz nessas trevas, para que a nossa mente possa iluminar um pouco. Nessa incessante caminhada, lentamente vamos observando que se não fizermos esforços, não progrediremos, não avançaremos pelos medos, pelas angústias e aflições.

Vamos acostumando e aprendendo a lidar com a dor, com as dificuldades, com os dissabores de derrotas, com as faces cruéis da realidade. Então nesse ínterim passamos por provas, por vivências que marcam nossa vida, que nos torna humanos, capacitados em aprender, a errar e descobrir nos erros, nas atitudes, as respostas para muitas dúvidas, e para alcançarmos um nível de aprendizado mais condizente com a situação. O que nos alimenta é aquela sede pela felicidade, pela busca por motivos reais pra continuar de pé, pra manter aquele sorriso no rosto, e aquele brilho no olhar. O que nos instiga sempre a perseguir novos rumos é a vontade de crescer, aprender, e descobrir nós mesmos e Deus. O que estimula é a chance de viver do lado de pessoas fora de série, de extremo carinho e simpatia. Que a cumplicidade torna sólido esse viver.

A busca nos faz fortes, conscientes de tudo que nos cerca e nos envolve. Na constante luta que travamos para apurar mais os sentidos, chances são nos oferecidas, portas abertas, rotas a serem escolhidas. Na busca por uma luz precisamos saber escolher que caminhos devemos tomar. A escuridão nos impede de ver o que está pela frente. Não temos como saber qual caminho é o correto, apenas tentar avaliar e tomar uma decisão baseada em instintos, intuições ou simplesmente impulso. Viver é seguir a cegas. Devemos descobrir por si só o que cada caminho nos reserva. Essencialmente descobrimos mais tarde que não importa qual caminho tomamos, mas sim o que vamos aprender e descobrir durante o percurso. É o que o percurso nos proporciona e nos ensina que se torna importante.

Nessa busca percebemos aos poucos que o fim não existe, e que tudo nos faz seguir até um destino sem fim: felicidade.

sábado, 24 de maio de 2014

Processos Mnemônicos

Para não esquecer:
é um poema
não como um poema de Shakespeare
algo menos formal, mais raso
tampouco inferior em ferir o tato
incomodar, mover, tirar do lugar
– às vezes um passo basta

Para não esquecer:
é um poema sobre um homem
não o canalha da capa do pasquim
boçal, babando sobre a bandeira
por certo, um homem que não existe
se existe, existe somente nesse poema
– e isso basta

Para não esquecer:
todas as estrofes abrem com a mesma sentença
(como em um poema de Lorca)
e uma palavra, uma palavra, uma palavra
as encerra, sem ponto final:
serão mesmo a mesma palavra
ou apenas fingem que são?

Para não esquecer

– isso basta

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Das janelas

imagem: jb00bs

A janela entre a normalidade
e a poesia
é o que nos define
e nos coloca
dentro ou fora da realidade.
Se a alma está aberta, assusta,
se os sentimentos dominam,
os olhos se fecham.

As janelas mostram o mundo
não o conduzem.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A construção de um livro

     E segue a saga da edição de meu primeiro livro solo, de contos.
   Minha intenção é inserir 20 textos, independentes mas com ganchos entre eles, o que permitirá uma ligação entre as histórias, que se passam na mesma cidade.
   Um cuidado primordial: evitar a repetição de desfechos: três das histórias terminavam em suicídio. É preciso eliminar duas, para que eu não seja acusado de plagiar a mim mesmo no primeiro livro.
   Outra dificuldade: reescrever textos. Algumas das histórias foram escritas há algusns anos. A releitura provou que eram textos muito ruins, com personagens "a passeio" e elocubrações inúteis. Foi Machado quem disse que escrever é cortar palavras? Bom, se não foi ele, foi alguém de renome. E se não foi bem essa a expressão, me desculpem, mas a ideia é essa.
     E vamos lá. O trabalho é difícil, penoso, mas tenho certeza que valerá a pena. 

terça-feira, 13 de maio de 2014

Lei áurea, grilhões, dourados

Imagem by Pawel Kuczynski, disponível aqui

 
"Damos nosso sangue, lá, e somos explorados, assediados, maltratados..."

"Ah, mas emprego é tudo igual. Agradeça a Deus. Pior é não ter!"

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Cinzas


Em uma metrópole qualquer. Debaixo de uma chuva fina, mas tão fina que se tornava quase invisível, caminhavam lado a lado, de mãos dadas, o garotinho e a mãe. A mãe ia andando com pressa, sem dar atenção ao filho, arrastando-o pela mão.
Quando eles pararam em um cruzamento, esperando o sinal abrir, o garotinho girou o pescoço e reparou no mundo à sua volta: nas centenas de pessoas apressadas, nas plantas, pássaros, prédios e tudo o mais. Após uma breve análise, por sinal muito precisa, ele virou-se para a mãe e perguntou:
- Mamãe, se os passarinhos são coloridos, as plantinhas são coloridas, os prédios são coloridos e até mesmo a comida é colorida... Por que é que as pessoas são assim cinza?
E ele ficou olhando, esperando por uma resposta. Enquanto o rosto da mãe, por vergonha, passou de cinza para rosa.

domingo, 11 de maio de 2014

Mãe, uma oração



Nós passamos por cada momento, cada fase estranha, 
que a primeira palavra que vem à mente, 
quando precisamos de força é, Mãe.

Nós passamos por cada momento, casa fase maravilhosa, 
que a primeira palavra que vem à mente, 
quando comemoramos ter vencido é, Mãe.

Quando alguém nos elogia, pela educação, 
conhecimentos e sabedoria adquirida,
em pensamento agradecemos, Mãe. 

Quando alguém nos apedreja, pela falta de tato,
desrespeito, dizem não termos aprendido nada em casa, 
em pensamento nos envergonhamos, Mãe.

Ao ensinar alguém, instintivamente mudamos,
e por mais que tenhamos didática, novas táticas,
somos apenas cópia do primeiro professor, Mãe.

Ao aprendermos de alguém, inconscientemente mudamos,
e por mais que tenhamos idade, muita experiência, 
somos apenas crianças buscando uma explicação, Mãe.

Sempre que dizemos, "Eu te amo",
retornamos o amor que Ela nos deu, Mãe.

Sempre que ouvimos, "Eu te amo",
recebemos o amor que Ela deu a outros, Mãe.

Que eu seja a maior expressão de ti, 
não igual como alguns pregam, 
mas o melhor que você imaginou, Mãe.

E sendo assim, expressão maior, 
Daquele ao qual, tu és representante,
o verdadeiro e puro Amor, Mãe.

E que eu nunca pense que não é preciso,
nunca deixe de falar e demonstrar,
o quanto eu te amo, Mãe.

AMÉM


Joakim Antonio