sábado, 24 de dezembro de 2016

essas palavras murmuradas pelas varandas


1
eram três ou quatro
viviam às margens
conspirando
pequenos & rudimentares
como peças
se desgastando dentro da engrenagem

2
muitos não eram
pois deixavam rastros por todo lado
e era coisa pouca
como o resto que deixa um ou dois ratos

3
Eram três ou quatro
não se sabe ao certo
porém era óbvio que o número bastava:

incomodavam
uma dor pequena
tipo uma espinha / uma cutícula inflamada

4
Muitos não eram
e quando vinham à tona
estava claro
a luz os incomodava

semelhante ao pirata
ou seu prisioneiro
que passou tempo demais no porão
preso em ferros
ou comendo escondido as provisões

5
eram três ou quatro
e no meio das pessoas
– contra quem atentavam –
poderiam passar despercebidos
mas não passavam:
os denunciava uma marca secreta

não se podia explicar o que era
nem precisava



Rafael Nolli. 04/12/16 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Insatisfeita


- Você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida!
- Está me chamando de coisa?

domingo, 11 de dezembro de 2016

Oremos



E assim
deixo um pouco
de mim

Prometeu que nada traz

Inflamo
GRITANDO
até ficar rouco

C
a
i
o
meio
B
o
b
o

Levanto logo
e rogando
imploro

Que tenhamos paz


Joakim Antonio


Imagem: Innocence lost humanity found by Curlie_11

domingo, 4 de dezembro de 2016

essas palavras murmuradas pelas varandas


“Se vós não fôsseis os pusilânimes,
confessaríeis essas palavras
murmuradas pelas varandas”

Cecília Meireles
1
eram três ou quatro pessoas
e viviam às margens
conspirando
pequenos & rudimentares
como peças
se desgastando dentro da engrenagem

2
muitos não eram
pois deixavam rastros por todo lado
e era coisa pouca
como os restos que deixa um ou dois ratos

3
Eram três ou quatro
não se sabe ao certo
porém era óbvio que o número bastava:

incomodavam
feito uma dor pequena
tipo uma espinha na testa
/ uma cutícula inflamada

4
Muitos não eram
e quando vinham à tona
estava claro
a luz os incomodava

semelhante ao pirata
ou seu prisioneiro
que passou tempo demais no porão
preso em ferros
ou comendo escondido as provisões

5
eram três ou quatro
e no meio das pessoas
– contra quem atentavam –
poderiam passar despercebidos
mas não passavam:
os denunciava uma marca secreta

não se podia explicar o que era
nem precisava


04/12/16

sábado, 12 de novembro de 2016

Pontinhos


Durante a noite, na praia, viu as luzes dos barcos em alto mar, isolados. Pensou em quão triste seria viver dessa maneira, passar o dia no mar, trabalhando, e à noite virar um pontinho em meio a outros pontinhos perdidos na escuridão.
No caminho de volta para a cidade, reparou nos pontinhos, todos empilhados, mas, ainda assim, isolados.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Benção


Às vezes a gente faz planos e coloca no papel. Eu tenho um jeito esquisito de fazer, eu falo pro céu. Não aquele céu bonitinho das historinhas da igreja. Eu falo pro ar, eu canto pra terra. Eu sopro as palavras pra irem pros ouvidos certos. Pode ser até esquizofrenia, mas eu falo com a poesia, minha madrinha escondida, minha deusa, minha criadora vinda do infinito. E tudo que eu pedi nunca me foi negado e eu nem sabia que era ela. Mas às vezes parece um teste, daqueles que você se pergunta que lição você não aprendeu. Qual matéria repetiu e o porquê. Não posso reclamar de falta e faz pouco tempo que aprendi, com ela mesma, que eu devia aprender a pedir. Essa semana eu pedi, como ela me ensinou, pronunciando aos quatro cantos do mundo, pedindo pra buscar. Veio como poema, apareceu como amigos, sorrisos, pessoas bonitas por dentro, trouxe algo além do que eu previ. Então nesse momento, só tenho outro pedir. 

Poesia, sua benção! 

Joakim Antonio 

(poeta nas hora vagas, amor nas horas cheias)


Imagem: Feel the rain on your skin by Incredi

terça-feira, 1 de novembro de 2016

ventilador

nada rompia o silêncio
integrado ao ar
que vinha de fora
quase tudo era manso
quando não ranço

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Absinto


Eu
Recinto
Portas abertas
Ninho
Janela da alma
Fascínio
Língua encarnada
Instinto
Dentes caninos
Pedindo
Lua prateada
Caminho
Uivo cantado
Sigilo
Eu
Absinto

Imagem: Absinthe Spirit by Memno

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Confissão


"Não, papai, com a fivela, não! Ele é pequeno, ainda! Bate em mim, pode ser? Fui eu que fiz, papai, não foi ele, não! Bate em mim, papai! Por favor!"

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Final do verão


Ao final do verão, as cigarras invadem a cidade. Chegam queimadas pelo sol, trocando de pele.
As formigas, trabalhadoras, da cidade nunca saem. Para elas, o inverno é uma ameaça constante.

domingo, 11 de setembro de 2016

Todo mundo cabe

Todo mundo cabe dentro de um poema. Irá sorrir, chorar, ou enraivecer-se. Dependendo do que ele viu, sobre si mesmo. Por isso é interessante postarmos coisas antigas, quem já o leu terá novos olhos e sempre haverá quem não o leu, ambos, nos mostrando o que há no seu coração.
Não existe poema sem arma_dura, mas só fere-se quem dá soco, quem suavemente o ama, apaixona-se.

Assim é!

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

oculta

pedinte e em chamas
valia-se do silêncio
frio e arrebatado
de quem desistiu

resignada observava
o que mais queria
como quem olha
uma vitrine vazia

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Fim dos dias do vilão


Engana-se quem pensa que, algum dia, ele arrependeu-se.
Morreu sorrindo aquele cínico; Sabia que a mídia, a seu serviço, na terra ou no inferno, o transformaria em herói.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Tocando



Às vezes, ao tocar outro, sente-se o barro. Dispensamos a mão e tocamos o pulso, como se tocássemos o coração. Sentimos a fogueira da alma e então, ouvimos a canção do outro. A ode que o Oleiro recitou ao nos dar forma, colocando um abismo em cada um, preenchido por um salto com amor. E de repente, no caos da própria voz, cantando desejos, você lembra de um olhar e sorri, ao perceber que o momento acontecera antes mesmo do que pensou.

E em algum lugar, olhando os dois, o Oleiro sorri também.


Joakim Antonio




Imagem: Final-Touch by ZaGHaMi

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Quem?


quem vai nos proteger de nossos anjos protetores

quando quisermos viver

e eles vierem nos poupar as dores?

terça-feira, 12 de julho de 2016

Entre amigas


O sorriso de hiena desfez-se. Embrenhou-se pelos cantos da parede, como se andasse pelo rodapé. Curvou-se para olhar pela quina da porta, confirmou que a outra se afastava e, então, disse:
- Eu não falei? Essa vagabunda, falsa, nunca me enganou.

 

segunda-feira, 11 de julho de 2016

DNA



Desenhado por fótons, capturado por elétrons.
Nosso código biológico, capturado por artefato tecnológico.
Aldeia dos ancestrais, capturados e massacrados, mas ainda vivos.


Joakim Antonio


Imagem: Renato Soares
https://www.facebook.com/renato.soares.3152

segunda-feira, 13 de junho de 2016

domingo, 12 de junho de 2016

Mulher bomba


Por dentro, explodia um não. Mas o único som que se ouviu foi o daquela voz, suave e sofrida:
- Aceito.
E prosseguiram com a cerimônia.

sábado, 11 de junho de 2016

La cocinera



E quando me vi, do modo que me viam, desacreditei. Seria tão linda eu? Então um menino que passava correndo, parou nos olhando e disse, como se adivinhasse meu pensamento, "Que legal, ficou quase tão bonito como a senhora!".

Joakim Antonio


Imagem: Doña Petra Gallardo Galeana, La Pilinca, a la edad de 88 años.

terça-feira, 17 de maio de 2016

Sade em Paris





Na festa do palácio, pessoas são apresentadas entre valsas e polcas.
— Esta é Justine — informa o anfitrião, ao amigo.
 — Encantada, senhor.
— Muito prazer, senhora. Muito prazer. — responde o Marquês de Sade.




Crédito da foto: https://pt.wikipedia.org/wiki/Baile

sexta-feira, 13 de maio de 2016

a temer , o que?

a temer , o que?

a temer, o ovo da serpente:

a temer, a própria traição
a temer, o desprezo dos traídos 
a temer, o desprezo dos que compram traidores
a temer, não a morte, que a terra é leve
a temer, não a terra, que é leve e fértil
a temer, a lama.

a temer, nada,  senão o próprio medo.
nada a temer, senão o próprio medo.
a temer, o medo. 
muito medo a temer.


_______________________
Publicado originalmente aqui.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Naturalmente, carnívoros


Como todo dia, na pia, o ritual pós-sacrifício acontecia: limpar as peles, cortar em filés, tiras ou cubos, temperar e cozinhar. Naquele dia em especial, na tábua de madeira, jazia uma galinha caipira, com o pescoço torcido e ainda mantendo algumas penas.
O garoto, curioso, aproximou-se da cozinha e observou, com um pouco de nojo, a mãe manuseando aquele bicho. Ela arrancando penas, cortando a cabeça e tirando as peles. Quando reparou que o garoto estava ali, ele aproveitou para perguntar:
- Mãe, o que é isso?
- Franguinho, filho!
- Então... É isso que é franguinho?

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Intercalado


Primeiro gritaram entre eles
Mas não liguei pra isso
Eu não era político

Depois bradaram Jesus em vão
Mas não liguei pra isso
Eu também não era cristão

Depois exaltaram a ditadura
Mas não liguei pra isso
Porque eu não sigo mitos

Depois cuspiram-se na cara
Mas como é coisa de gay
Também não liguei

Agora parei de olhar pro meu umbigo
Mas já é tarde
Como eu não liguei pra porra de nada
Ninguém se importa com minhas palavras

Joakim Antonio


(adaptação do poema, INTERTEXTO, atribuído a Bertolt Brecht)


Imagem: Break the silence by Shutterbug13

segunda-feira, 18 de abril de 2016

A Democracia é tão utópica quanto o Comunismo
a deflagração do golpe hoje é fato constituído
a luta continua, fascistas não permanecerão

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Tempo na pele


estas ruguinhas
injustiçadas
quero-as todas!
são pegadas de sorrisos
ao redor dos olhos

______________________________________
* publicado originalmente nos minimínimos.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Ditadura do silêncio


No país da impunidade, faz-se exceção à lei do silêncio, a única respeitada e temida.
Quem cala contente; E os que ousam desafiar a lei, arruaceiros, sofrem as punições

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Amigos por natureza



Ainda busco o dia onde a palavra amigo não será sequer precisa, pois quem, em sã consciência, seria inimigo da sua própria tribo.

Joakim Antonio


Imagem: Crianças indígenas - Sem atribuição

domingo, 13 de março de 2016

Sob o céu, dois pés no chão


Escrever um poema sobre o céu
sem rimar "Lua" com "nua",
sem a melancolia do azul,
nem falar em paz eterna,
nem de paraíso,
nem de chuva, nem de granizo,

um poema sem duplo sentido,
sem nuvens branquinhas
(que parecem de algodão)
e sem falar na cor do chumbo

um poema sobre o céu,
sem peso e sem leveza,
sem horizonte
e sem sol escaldante,

um poema, aliás, e principalmente,
que não diga "firmamento".

Um poema sem propósito:
apenas o chão por baixo,
o céu por cima
e nós entre essas duas linhas

escrever um poema sobre o céu
só pra ler as estrelinhas.

sábado, 12 de março de 2016

Antropofagia


Depois de um dia cansativo, dando suor e sangue no trabalho, ele sentou-se à sua poltrona, no meio da sala. O filho surgiu correndo pelo corredor, saltou sobre ele e lhe deu um abraço apertado. Já sem forças, retribuiu com um beijo no rosto e disse para o garoto que se sentasse no  chão para que pudesse prestar atenção no jornal.
Após uma notícia, o garoto ficou curioso e perguntou:
- Como é que as vacas ficaram loucas?
- Elas foram alimentadas com ração que continha carne de vaca e um monte de produtos químicos, daí elas ficaram doentes e enlouqueceram.
- Então as vacas que se alimentaram de vacas são chamadas de vacas loucas?
- Sim. Isso mesmo.
- E como é que são chamadas as pessoas que se alimentam de pessoas?
Após pensar um pouco,  no seu dia e no estado em que se encontrava, ele respondeu:
- Chefe, meu filho. Nós chamamos de chefe.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Meio palhaço




Preciso contar pra você

meu amor é meio palhaço

sorri quando nervoso

finge seriedade ao te ver


Joakim Antonio



Imagem: Spade by Fort-o




Conheça e curta: https://www.facebook.com/poetajoakimantonio

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Paraíso

Paraíso. Colagem Rafael Nolli


1
muito além das plantações de agrotóxicos
esquecido depois da derradeira ponte

do último homem que por ali passou
não resta o menor vestígio

o que ele viu – há tantos anos atrás –
é o mesmo que um satélite vê agora
da imensidão do espaço sideral

nenhum dos dois sequer suspeitou


2
onde hoje a árvore produz sombra
o prédio da prefeitura se erguerá

o rio prateado pelo sol
escorrerá
sinistro & pesado
dentro de uma galeria

pouco depois da colina
um sinal de trânsito determinará o fluxo
para o que agora é só vale e vento

3
sobre esse chão as pessoas
conhecerão fome e sede
e lutarão até as últimas forças

onde hoje prospera a grama miúda
a estátua de um boçal apontará o dedo
para a imensidão do espaço sideral


15/08/15



sábado, 13 de fevereiro de 2016

Citações inventadas (5)


"Não importa o quanto você for amado pelas pessoas, não importa a saudade ou o tempo.
Ninguém, nunca, vai mostrar tanta alegria ao ver você quanto o seu cachorro."
(Ulisses, o Odisseu)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Decepção


- E a borboleta?
- Fez um casulo e virou lagarta...
- Ah! Que pena.
- É... Acontece.
- Mas não se preocupe, tem muita borboleta no ar

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Iniciação



Vem menino, eu sei que hoje é um dia triste, mas sendo sua madrinha eu não posso mentir. Ele não vai mais acordar. Podia aparecer a qualquer momento, mas escolhi esse para ti, pois é justamente um daqueles momentos puros, onde o sentir é máximo e não pode ser disfarçado. Também venho lhe dizer que foi preciso, embora nem eu saiba se acredito mesmo nisso, mas há coisas que nem a mim é permitido desviar.

Escuta menino, feche os olhos e receba minhas palavras sem medo, pois elas serão apenas sentidas, até que chegue o momento de despertar. Na verdade eu nem deveria estar aqui, mas eu sei o quanto este momento irá influenciar tudo mais que virá. Então, mesmo sabendo que demais olhos me reprovarão, eu decidi me manifestar. Assim como você deve saber que nada deve impedi-lo de fazer o mesmo. Pois podem nos reprovar, mas no fundo sabem que não podem nos parar.

Sente menino, veja sem abrir os olhos, escute as palavras do silêncio, toque o éter e viaje sem sair do lugar. Aprenda voar e mesmo com os pés no chão, andar no céu. Saiba que virão mais momentos como este, mas que sempre estarei por perto, às vezes mais do que deseja, mas nunca, por tempo algum o medo do nada lhe assaltará e onde houver um espaço, para outros vazio, você, se sentido em casa, sempre me verá.

Toma menino, sente meu toque em seu rosto, minha marca que mostra a todos os seres, em qualquer lugar, ou não lugar, que és um filho meu. E se respeitarão mutuamente, alguns alegres e outros com um pouco de receio, pois sabem que depois de pronunciada, minhas palavras, agora tuas, correrão os confins para tornar-se realidade. Despertarás sentimentos de amor ou ódio, dependendo do que há no coração de cada um.

Dorme menino, espera teu tempo certo, quando despertarás homem feito. Prepare-se indo desde já onde os outros apenas pensam em chegar. Tuas glórias serão outras, prometo que nunca lhe faltará o essencial e quando novamente minha mão tocar sua face, será um renascimento. Teu início, passando por mim fará todo sentido e tua alma vibrará, ao ouvir novamente teu primeiro e verdadeiro nome. Dorme menino, enquanto eu continuo a velar por ti...

Mas, espera, se eu estarei adormecido, como eu vou saber qual o nome e a palavra certa?

Não se preocupe meu filho, você esquecerá por um tempo, mas despertará na hora certa...

Minha benção, Poeta...


Joakim Antonio



Imagem: Feel the earth move by M3ll0n

sábado, 16 de janeiro de 2016

Mosaicos, meu primeiro livro solo!






Olha aí!

Depois de participação em 22 antologias literárias, organizadas por grupos diversos como Academia Dorense de Letras (Boa Esperança-MG), Fundação Cultural Igaçaba (Roque Gonzales-RS), Prefeituras Municipais de Caçu (GO) e Barueri (SP), Editora Phoenix (São Paulo-SP). Alba (Varginha-MG), Arara Verlag (Karlsruhe-Alemanha) e Punto de Encuentro Editorial (Buenos Aires-Argentina) e mais o Bar do Escritor (oriundo da internet), finalmente publiquei meu primeiro livro solo.

Mosaicos sai pela Editora Penalux e foi incluída no selo Microlux (minicontos). Consta de 93 minicontos dos mais variados temas: circo, natureza, conflitos sociais, história, drogas, relações familiares, etc. Há textos de humor e outros mais "sérios".

Criei um perfil do livro na rede Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/543013ED552592

Para adquirir o livro,que custa 32 reais (fora o frete) acesse o site da própria Penalux: http://www.editorapenalux.com.br/loja/product_info.php?cPath=38&products_id=367

Também existe uma página do livro no facebook: https://www.facebook.com/livromosaicos/

Espero que apreciem! Mosaicos será o primeiro de muitos...

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Uma breve história de amor eterno


- Por favor, deixe eu amar você!

- Por que você está me pedindo isso?

- Porque eu já te amo.

- Tá vendo? Não precisa de autorização.

- Meu amor é incondicional e para sempre.

- Tá certo, se você diz... 

- Você promete me amar também?

- Não.

- Como não? Por que?

- Eu não preciso mesmo responder isso, né?

- Claro que precisa! Eu te amo, não mereço ser amado em troca?

- Mas seu amor não é incondicional?

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O baú


Ela foi até o quartinho dos fundos; Em um canto escuro e empoeirado, encontrou o velho baú. Levou-o até a sala e começou a redescobrir tudo que estava guardado há anos.
Tinha ali um sorriso sincero, que já estava um pouco amarelado pela falta de uso. Havia também uma porção de otimismo infantil, que - apesar de serem infantis - eram pelo menos dez vezes maiores do que os adultos. Também brincou um pouco com os sonhos, fantasias e ilusões. Encontrou até alguns medos, mas algumas peças tinham sumido com o tempo.
O velho baú rendeu bons momentos, mas, ao final da tarde, ela recolheu tudo do chão, fechou o baú e colocou-o de volta naquele canto escuro. O sorriso, amarelado, acabou esquecido -  debaixo do tapete.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Para sempre



Ninguém fica indiferente ao encontro com um poeta, salvo que ele não o seja em essência, mas apenas em palavra, carregando apenas um título herdado, roubado, comprado, etc., pois o poeta deve ter sido iniciado pela poesia. Então ela o protege, afaga, nutre e se desnuda, fazem sexo selvagem, unindo-se em espírito, alterando sua rota, abrindo caminhos invisíveis, culminando num casamento alquímico, um renascimento, ao qual, daquele momento em diante, passa a ter um novo nome. Após esse dia, mesmo que, por um lapso, queira, não há mais fuga, não há esconderijo, não há morte e sim, apenas vãs tentativas de consumar uma quase loucura, ao arremessar para longe o bumerangue que é seu novo nome, a partir desse dia, poeta é para sempre. 


Joakim Antonio


Imagem: Vodka by Sekerusta