terça-feira, 30 de abril de 2013

AS MINHAS DISPOSIÇÕES



Este mês escrevo o meu testamento antes de escrever o do mês passado, mas faço-o movido pela convicção de não ir perder tempo, já de seguida, i_medi_ata_mente… irei fazer o que deixei por fazer. As minhas disposições, sobre o que irei deixar, ficam por conta deste conto e de qualquer outra coisa que escreva. Em termos ideológicos, adoro este tipo de lógica, não aloja nada capaz de ser exposto numa loja.
Terra De Primeira Qualidade...

domingo, 28 de abril de 2013

tem dias em que eu sento para fumar e ver a lua.
tem dias em que eu sento para fumar e comer e ver a lua.
tem dias em que eu só me sento.
e vejo a lua.

Às vezes
é uma vida
sem vida

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Conhecimento é vida. Ou não.


“Conhecimento é vida”

Diz a placa de publicidade

Da instituição de ensino.


“Saber muito é pecado”

Diz o corpo, estendido,

Há poucos metros dali.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Viagem

imagem: bwiti  

Há um ano não te vejo. Tanta coisa, tanto tempo... Certo, nos falamos todos os dias por telefone, as vezes trocamos e-mail, mas faz um ano que não trocamos olhares... Pelo seu tom de voz sei que voltou a fumar, e pelas respostas evasivas percebo que deixou a barba crescer - estando tão longe acredita não me desagradar - mas nem mesmo essas conversas podem nos aproximar como antes. A sua partida eu não pude evitar, e você pediu para nunca te esquecer, ou abandonar. Eu prometi, e promessa para mim é coisa séria. Em mais um e-mail você me pergunta como vai a vida... eu respondo sem novidades, e não minto. Estou no mesmo lugar, com as mesmas pessoas e as mesmas dores, enquanto você conhece, compartilha, sonha... Quantas novidades você me conta, e quantas deixa de revelar para não me magoar, como aquela pessoa que roubou sua atenção. Lugares, situações, amizades, lembranças, e você agora fala francês, uma língua que queríamos aprender juntos... mas tudo bem, a vida nos conduz por caminhos inesperados, não é mesmo? "... plus loin que la nuit et le jour...", é assim que estamos agora, apesar da amizade, e das músicas que nos mantêm unidos, há muita distância entre nós. Na nossa despedida, o último abraço, e eu implorei para que você não fosse, você apenas sorriu. "Se cuida" foi seu último conselho para mim, e já não havia mais o que fazer. Te escrevi loucamente milhares de textos apaixonados, me declarando, deixando exposto meu sentimento mais precioso, mas isso não importa, pois ninguém nunca poderá ler aquelas palavras. Eu nunca te disse o que eu realmente sentia, todos esses anos, tentei sempre sorrir e estar ao seu lado, pois, como você gosta de dizer, uma amiga assim não é sempre que a gente encontra. A única coisa que eu consegui fazer para expressar um bocadinho do meu querer, foi cantar, quando você me contou que iria embora, um trecho de uma de nossas canções preferidas, e é com ela que eu me deito todas as noites, sabendo que você está acordando, do outro lado do mundo: "...será que você vai saber o quanto eu penso em você com o meu coração?..." Será?

visitem meu blog literário: Coisas que eu sei que eu sei  

sexta-feira, 19 de abril de 2013

sobre o sentido da vida (vulgo motivo da minha vida de merda)

na vida, há o escrito
que assim como as coisas escritas,
podem ser apagadas e reescritas de um jeito melhor
(ou mais conveniente)

- um ctrl+z louco e místico, digamos assim -

e há o inevitável
- porque o destino é sim senhor um filho de uma puta sádico -

o inevitável é natural por natureza
acontece de repente já era já foi agora aguenta

então
já que não dá pra saber
se vem sol ou chuva

restam-me as janelas

quinta-feira, 18 de abril de 2013



Procuro pela palavra artesanal e rústica
feita com o mais corriqueiro devaneio regional,
tão simples como a poeira no ar
e o cheiro da chuva
na estrada da travessia incerta
feita sempre às pressas,
sob impulso do coração selvagem

Palavra pedra- palavra pura

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Péssimo escritor


Os papéis, cheios de suas palavras vazias, saltavam da escrivaninha e corriam para o corredor. A caneta escapava dos dedos, caia ao chão e rolava para baixo da cama
A cada cochilo, uma revolta

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Hermenêutica




DO

A
AR
ARAR
ARARAR
ARARAR                 ARARAR
ARARARARAR
ARARARARARAR
ARARARARARARAR
ARARARARARARARAR
ARARARARARARARARAR


O


p o e t a

retira poesia 

CONCRETA




Joakim Antonio




quarta-feira, 10 de abril de 2013

Produto

formigas percorrem o meu corpo,
mas um constante umedecer
me lembra que ainda estou viva.

elas não controlam a ansiedade
ao reconhecer um perecível.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

musa manca




peitos e olhos juntos
curva da fala
mente

nem sofisticada
nem brejeira
é face confessa

sob a semi-musa nua
toca-me os olhos
rubra

passa como quem soluça
sustenta o ritmo
quase não

feito pedra d'água
derrete-me
entre dedos


não chora
ou fala
enrubesce.