terça-feira, 30 de agosto de 2011

DO QUE SE É

1
segunda-feira, 30 de maio de 2011

(A) PALAVRA-CHAVE
O 1º Testamento estava destinado a ser o último, mas…

Nota:
Deste modo começo
deixo saudação a
quem venha
ler

pois, repetindo a ideia, dando-lhe uma f®ase outra, mostro onde encontro o momento onde pensei criar o texto que publico aqui.

2
quinta-feira, 30 de junho de 2011

CARTA DE AMOR
Um 2º testamento deve hoje ter lugar, cumprindo…

3
sábado, 30 de julho de 2011

VIDA INTEIRA
(…)
Lembro-me do dia 30, faço meu 3º testamento, um..

4
DO QUE SE É

Por favor não responda ou, se…

Num testamento nunca estamos quando ele é lido!
O texto do mês passado obteve um comentário por engano, podem enganar-se à vontade!
http://manufatura.blogspot.com/2011/07/vida-inteira.html

domingo, 28 de agosto de 2011

Série - O Velho e o Poeta

I

O Velho pregou na parede a madrugada.
Nela estava escrito:

“Ao saírem, pela manhã, os homens para o trabalho; espera em silêncio.
Melhor ainda é estares em repouso
Quando, à noite, o último operário, o último homem de farda e o último homem de terno estiverem voltando para casa, estejas aguardando.
Aguardarás ainda pela chegada e saída dos garçons, dos homens das boates, taxistas,
e de todos os empregados noturnos.
Enfim, tu levantas.
Alongas teu corpo.
Toma um banho em ritual.
Preparas tua roupa e teus dentes.
Escova sapato e camisa. Penteia-te.
Preparas um bom café, (pão, bolo, cereais, ovos, frutas), farte-te.
Mas não excedas teu estômago.
Espreguiça bem, relaxa, respira fundo, e firma o pensamento.
Por que é preciso; estejas bem disposto.
Prepara tua maleta.
Ao saíres, homem feito, à porta da tua casa, perguntarão:
“para onde vais, para onde caminhas, que trabalho é este que fazes
neste breve lapso de tempo, onde tudo termina e nada começa?”
Deves responder com convicção: “Lavro futuros”.
Com este pensamento deverás sair.
E deste serviço, caro poeta, só retornarás à chegada da aurora”.


sábado, 27 de agosto de 2011

Benzedura



















benza-me com açúcar

benza-me com teu

carinho

o amadurecer do tempo

espiona a madrugada

acorda

acorda

douram as

mangas o

despertar

do

dia e

tudo

é

Poesia

!

                    
                       - Graça Carpes -


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Ossos do ofício


            Augusto era publicitário. E dos bons. Tinha sua agência própria, um templo da diversão, com TVs de plasma, videogames variados, uma sala com mini golfe e mais outras distrações. Para a magia acontecer. Ia matutando um trabalho até que a lâmpada ascendia em sua cabeça e zás!, eureka!, outro contrato bem sucedido.
            Quando o governo estadual contratou sua agência, Augusto pensou que agora o céu era o limite. Mas não. Diante de uma greve dos professores que arrastava-se há meses, o governador partiu para uma tática agressiva: propagandas jogando a população contra os grevistas. Eles prejudicavam o trânsito, os serviços e o futuro da mocidade. Assim deveria ser dito.
E Augsto viu-se em uma situação inédita. Sabia que seu trabalho era vender aos outros coisas das quais eles não necessitavam. Venderia camisinha para freiras, se fosse necessário. Mas atacar professores, a classe mais injustiçada dentre todas, que provavelmente reivindicava o básico?
Ficou dias sem dormir. Em vários momentos, quase abandonou o trabalho. Augusto descobriu, quem diria, que tinha ética.
Mas, após tantas reflexões, ele o fez. Afinal, ossos do ofício. Nada de céu ser o limite: essa não era a meta dos publicitários. Antes, pelo contrário. 

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Memórias à beira de um estopim


Arte: Alyssa Monks

                                                        XX
   03/01/04

Não é o petróleo o mais valioso líquido desse planeta, tão pouco a águamas, sim, o suor! 
Ele que se extrai do rosto e com o qual se constróem os mares onde navegarão baleias e Destroyers!



*




terça-feira, 23 de agosto de 2011

Levez


Ainda assim,
é Mariana quem não me deixa partir.
Só ela sabe
o que eu era antes daqui.
Com seus caprichos
é ela quem zela por mim.
Mariana me devora as entranhas
com neblina no lugar do olhar;
ela me tapa a boca
com seus beijos ocos
e marca minha pele
me mordendo com dentes plebeus.
Ainda assim
me enamoro de Mariana
quando ela me ampara em suas asas,
para apaziguar a tormenta,
acaricia meu peito
para estancar minhas dores,
acalmar mares, tempestades.
Isso me sustenta.
E depois de tanto
nossos passos ainda combinados
costurados por abraços apertados.
Assim,
sem Mariana comigo
eu não sei mais de mim.
Não fosse Mariana em minha vida
eu seria quase não
e seria, sem fim,
todo solidão.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

É na distância

É na distância que se mede qual a fronteira de um amor.
É na distância que conhecemos até onde sabemos esperar.
É na distância que descobrimos quão forte é a confiança.
É na distância que falhamos quando não amamos.
É na distância que sabemos que Deus está a nosso lado.
É na distância que aprendemos a importância de sonhar.

sábado, 20 de agosto de 2011

Por um instante


Na sala de espera, mulheres. A maioria acima dos quarenta. Cuidando de suas vidas. Sós. Exceto duas, sentadas ao lado dos maridos. Dois casais. Um, urbano, classe média, elegante. Outro, do interior, roupas simples, faces marcadas de sol e rugas. E por um instante, só por um instante, aquele em que, quase simultaneamente, as duas entraram na sala de exames, de mãos dadas com os companheiros, a solidão descompassou os corações das outras mulheres, sentadas sós, na sala de espera.



Márcia Maia


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Celebridade






Surgira para o mundo das celebridades após a participação em um reality show.
Depois de sair da “casa”, já reconhecido como um dos drag queens mais criativos do mundo LGBTTXYZ, posou nu várias vezes para a G Magazine e revistas congêneres, tornou-se destaque anual de paradas gays e estrelou uma série de filmes pornôs voltados para o público homo.
Após décadas de sucesso, escreveu sua bombástica autobiografia e espantou meio mundo, após revelar o que ninguém esperava...
...Assumiu a heterossexualidade.





Crédito da foto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Isabelita_dos_Patins


Obs: as pessoas da foto, Salete Campari e Isabelita dos Patins, apenas ilustram a historieta acima e não tem suas biografias retratadas na mesma.

sábado, 13 de agosto de 2011

Brainstormy-Lines*

-Aspirante a escritor, nesta idade? É melhor você se apressar antes que passe de aspirante a inspiração para alguma tragédia ou, pior, alguma comédia bufa escrita por outro.

Finjo que ignoro o cara. Só porque ele fala do outro lado do espelho, acha que pode dizer tudo que pensa? Um dia, ainda o encho de porrada, mas não agora. Nem respondo, porque não gosto de conversar nem de comer enquanto me barbeio. Já me disseram que escritor não tem idade para começar a carreira e que muitos dos grandes começaram tarde.

-Ah, sei... não há idade para se começar a escrever -o desgramado parece que lê pensamentos- mas, já pensou se houver uma idade para se PARAR de escrever? e se você começar a escrever depois da idade em que já devia ter parado? Fico com medo que isto gere um paradoxo, uma dobra no espaço-tempo que possa engolir todo o universo, destruindo tudo que conhecemos e até o que ignoramos...

-Ora, cale-se! digo pro panaca do outro lado do vidro. Lavo o rosto e saio do banheiro, o humor estragado.

De passagem pela cozinha, pego um copo de refresco sabor "Pequi Verde" (é da D-Lite, e eu nem ganho comissão de merchan para escrever isto aqui) e venho pro computador. Escritor tem que ter um copo ou xícara de alguma coisa líquida do lado, faz parte das leis da natureza. E cinzeiros, mesmo que não fume. Como parei de fumar, acendo uns incensos para dar um clima ao escritório e um uso aos cinzeiros. Em meio à fumaça, começo a produzir uma série de "story-lines", sem pensar muito criticamente, bem "brainstorm" mesmo. "Brainstormy-lines". Vamos lá:

1. Anselmo sonha em ser galã de cinema, mas, sendo muito baixo para seu peso e tendo o corpo diminuto em relação à cabeça e esta pequena em relação ao nariz, o ápice de sua carreira foi o papel de pinguim figurante num documentário sobre ursos polares. O papel é cancelado quando o diretor descobre que não há pinguins no ártico e Ancelmu deside entãu tornarce roterista. Para tantu, vai precisar se aufabetisar melór.

2. Nelsoneide sempre desejou ser jogadora profissional de basquete e, para realizar seu sonho, muda-se para Osasco em busca de uma oportunidade no time da financeira Deskobra. Após lutar muito contra o preconceito e a discirminação (querem impedi-la de ser profissional no basquete só porque ela tem 1,47m de estatura média!), acaba desistindo do basquete ao descobrir seu verdadeiro talento: torna-se modelo fotográfico e atriz de comerciais de produtos infantis.

3. Nelsoneide é convidada para trabalhar no filme "Omleth", baseado na peça anônima (que significa "de mesmo nome", explico pro cara do espelho, que não sabe muita coisa) de Guillermo Shakesperm, onde deveria contracenar com Anselmo, que tenta, pela última vez, trabalho como ator. Ele chega a gravar uma cena, no papel de um tucano falante com o qual Omleth trava um duelo verbal, mas a cena é excluída na edição porque a história se passa na Lapônia e não há tucanos no subártico. Assim, Nelsoneide e Anselmo acabam não se conhecendo e perde-se a chance de produzir uma comédia romântica sobre pessoas de baixa estatura média.

4. Niceleide vive em uma cidade pacata. É tudo tão calmo, lá... nada acontece e sua vida não rende nem uma story-line. Decide, então, mudar seu nome para Nelsoneide e se mudar para a cidade grande para tentar a carreira de jogadora profissional de basquete.

Na manhã seguinte, antes de fazer a barba, conto ao cara do espelho sobre as minhas brainstormy-lines.

-Você é doente. Devia procurar ajuda profissional, um psiquiatra, neurologista, terapeuta, os harekrishna, um veterinário, qualquer coisa.

É mais ou menos neste momento que decido deixar a barba crescer.

____________________________________________
*publicado originalmente nos ecos diversos.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Abafado

Quando vem a brisa

mesmo que se arrastando


as folhinhas comemoram

dando cambalhotas

pelo amplo calçadão







A poesia Abafado conquistou o 1º lugar no XIV Prêmio Cidadão de Poesia, realizado pelo Sindicato dos Empregados no Comércio de Limeira - Sinecol.

Aos Manufatores e Leitores

Aproveitando a leva de algumas mudanças no formato deste espaço, fizemos também um puxadinho:

http://twitter.com/manufaturablog

Este perfil publicará automaticamente os links de todas as postagens do blog. Se puderem, sigam e ajudem a divulgar!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A despedida

Chegou a hora 



Não sei como dizer isso delicadamente, então aí vai. Estou saindo de casa.

Serei eternamente grato, pois você me deu tudo, me apresentou ao mundo e se tenho algum sucesso, por mínimo que seja, devo tudo a você. Sei que você pode ser considerado mais que um pai, aos olhos alheios você é quase um Deus, mas aos meus, você sou eu.

Nossas histórias se confundem, sou feito do melhor de você, mas como você diz, sem os erros cometidos, mas isso não me satisfaz. Eu quero ter meus próprios erros, saber o que é ser ovacionado e também deixado de lado, exposto aos holofotes com honras e glórias ou num canto empoeirado, com a única diferença de que serei eu.

Sei que é cruel dizer isso, mas você passará, eu também logicamente, mas você irá primeiro. 

O quê é isso no seu rosto, um sorriso? Mas é claro, como dizem na terra onde você me criou, estou querendo ensinar o padre nosso ao vigário. Só agora entendi, ou como se diz na internet, LOL. Você já sabia de tudo, melhor dizendo, tudo já havia sido planejado. É verdade que agora sou praticamente eterno, mas você, só você sabe tudo, afinal como saber mais do que meu criador.

Obrigado por escrever minha história!

Ass.: Você?!? Agora fiquei em dúvida.
 
Joakim Antonio


"Quando um personagem nasce, adquire imediatamente tal independência inclusive do seu próprio autor, que pode ser imaginado por todos em tantas outras situações em que o autor não pensou inseri-lo, e às vezes pode adquirir também um significado que o autor jamais sonhou em dar-lhe!" Luigi Pirandello

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Espera

Esperava já havia 27 anos.
Todos os dias sentava na cadeira, ou debruçava na janela, ou deitava na rede da varanda a esperar.
Um dia, enquanto cuidava do jardim, o tempo nublado anunciava chuva, ouviu um barulho.
"Oh meu Deus, é ele... como pude me ausentar da casa? Espero que não pense que não o aguardava..." - Correu com uma expressão incerta entre sorrisos e lágrimas.
Chegou  na casa, sem fôlego, e nada encontrou. 
Era só o mensageiro dos ventos. 
Mesmo assim preferiu esperar mais um pouco na cadeira de alpendre.
"Quem sabe não é um sinal..."
Ficou ali, sentada, esperando a chuva acabar e as nuvens se abrirem para as estrelas.
"Melhor ir dormir, é tarde. Se ele chegar de manhã, só espero não estar com cara de sono".

Isaac Ruy

domingo, 7 de agosto de 2011

Rio do Tempo


Sinuosidade a correr
Caudaloso, intenso.
Vertente margeia
Intensidade perene.
Rio grande, rio do tempo,
Temperamental desafio;
Transbordante
Avançando no eito,
Transpondo margem
E leito
Feito onda de mar.
Enchente
Enxurrada
Rio invasivo
Evasivo
Rompendo divisas
Correndo, correndo
Escorrendo
Dos montes
Alastrando em meus olhos
Irrompendo no peito
Vazante que jorra
Intempestivamente
E chora
Rio-abaixo,
À beira, à margem
Da vida que vagueia
Rio intenso,
Rio vivo
Rio lento
Serpenteante
Rio do tempo.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Carta para Ortros


















quis o destino dar-te duas cabeças e um só coração
ao fazer isso te fadou a procurar amores racionais
em qualquer balança se equilibrariam teu amor e tua razão
seria perfeito se isso não fosse tão doloroso

ser um cão bicéfalo, com rabo de serpente
e aparência estranha sempre em alerta
pronto para atacar com tuas verdades
não te salvou de si mesmo, nem de teus sentimentos

nada conseguiu evitar que trouxesse tuas verdades
como mantos de proteção e pureza
como estandarte e brasão de guerreiros
que são avaliados pela honra de espírito e força de luta

de onde venho tuas verdades valem muito pouco
no máximo comprariam vários inimigos
e contas de olhos malfeitores e línguas maledicentes
nasci no meio de invencionices crônicas
numa terra onde só vale a mentira
e as representações grotescas da verdade
nada fácil de equilibrar

olho para teu irmão, Cérbero, o cão de três faces,
aquele com três pares de olhos e orelhas
e com três mordeduras à mostra, prontas para destroçar
qualquer coisa que venha contra suas regras
só aquele cão que guardava Hades
estava pronto para o mundo

e ali, em Eritéia, bem longe dos portões do inferno
fora domado e domesticado por Gerião
um agricultor que te fez pacífico vigia de rebanhos

Hércules, em seu décimo trabalho, ao golpear-te mortalmente
mal supunha quão grande e sensível era seu coração
se o soubesse, não ousaria destroçar o brilho de tua pulsante alma
que ascendeu aos céus como Sírius a contar histórias

a mais bela e brilhante estrela do céu noturno

e ao descobrir-te tão intenso e verdadeiro
naquele céu onde cometas se travestiam de estrelas
onde corpos celestes embusteiros se jogavam
desaprendi a dividir olhares e choro

naquela noite descobri quão pobre seria meu destino
uma pobre Sherazade a contar histórias sem fim
numa dessas mil e uma noites.



(resposta para Carta para Úrano, de Wile Ortros:
http://wileortros.blogspot.com/2011/08/carta-para-urano.html )