sábado, 15 de março de 2008

Desencanto do que não foi




Sei que fodi formosa com tua cabeça
Que adormeci teus pulmões
E elegi tuas verves

Coração negro
Escandalizando teus bailes pálidos
Mas para tuas pétalas não tive
Agulhas, nem pelicas
Faltou cítaras e paletas para teus transes

Não fui heroína
Nem abstinência
Dos teus vícios

Fui o desperdício e as migalhas
Dos restaurantes vazios
Pousada das moscas e mendigos

O choro do marmanjo menino
Escondido entre as coxas da devoradora
Sexo barato e frígido
Nem teus pulsos magros
Foram altares
Nem minhas pernas tortas manjares

Detonou-se mais caverna
De amor imaginário
Que virou senha
E catástrofe
Bonequinho enfaixado
Romance adulterado
Nunca existido

Morreu instantâneo
No íntimo gole
Em copo de cristal contendo veneno de rato
E sórdido lirismo
(imagem : pintura de Camille Rose Garcia)

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