domingo, 29 de agosto de 2010
¼ de confusão e uma dose de incerteza
.
Não te contei...
Guardo minha escuridão
Com cuidado e medo
Num remoto escaninho,
Que fica à direita dos desejos.
Desejos e medos que escondo
Na cerração que desliza
Em espesso nevoeiro.
Sei que não contei
Não dessa vez..
Sonhei com seu sorriso e sorri.
Visão imprevista e tão rara
Seu sorriso flutuando
Entre céticos desejos...
Acredito em tantas coisas
Algumas disparatadas e loucas
Costumo duvidar de você
Recuar mil passos atrás
Desconfiada e descrente
Mas, quando sorri.
Tudo muda
E até em você acredito.
E nesse seu sorriso
Que desmente todo o resto.
Brinco com sua sombra
Aquela que prendi numa gaveta
E sem que perceba
Viscosa e demoradamente
Desejos,
Terrores,
Escuridão e medo.
Escapam por entre os esconsos
Assustada
Escondo-me no sorriso
.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Do Ser

Há uma coisa que se chama “cidade”
que se mistura às minhas caminhadas
assim como a palavra
que pede sempre uma página
nova
(
novo
)
caminho
.
.
.
- Graça Carpes -
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Pose para gravura de Rugendas

No anno de
a
publicou num
tratava-se da
de
O
Falla
De immediato uma photographia
se formou
quebrando a
serviram-lhe de
Terá acordado,
immaginando a
Terá buscado
Terá
arrebanhando
delle
Aas
saiu aa
e numa
a
elaborando a sublevação, premeditando o
uma bella
contornando a bocca
chamando a attenção
perdido na
tenha dissipado a
o
e disseminassem
nas
O
sumariamente caçado
(
ao roçado),
O
e
sinhás mutilando
– naquela
_______de
_______de
e o
e
apresentou
na
Terá sobrevivido,
propiciando
[
no anno de
e se transformou
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Boa noite, boa sorte
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Quarto-crescente
A bem da verdade, já não era sexta-feira e sim, madrugada de sábado. Fazia calor, o rio exalava um cheiro acre, e naquele bar, onde quase todos se conheciam, ele, que a poucos conhecia, tocava.
Márcia Maia
domingo, 15 de agosto de 2010
Mil em uma noite
Dá um pouco de cansaço
dar o que fazer ao Rei,
ocupar bastante a sua agenda,
sua vida e seu espaço.
Tem suas vantagens,
lá isso tem...
Mas eu nunca fui a preferida
do harém.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Autonomia
No caminho de volta, exaltada, transbordava em lições desnecessárias aos passageiros mais frequentes:
- Se quiser descer, tem que puxar essa cordinha roída!
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Protegido
Sonhei que era um adulto bem sucedido, ao acordar lia o jornal, consultava o tempo, arrumava as roupas para dia, tarde ou noite, dependia da volta e do temperamento. Ao abrir o armário roupas de frio e calor, capa de chuva, guarda chuva, guarda sol, linha de pesca e anzol, blusas, botas, luva, cachecol, lenços, meias, gravatas de seda, terno de linho, camisas, camisetas. Tudo bem passado e separados, por cor, estação, novas, velhas e até as que iam para doação.
Ligava o rádio com o som bem alto, para poder escutar sobre o maldito trânsito e ia para o chuveiro, banho em cinco minutos, dez se fizesse a barba, para não gastar muita água, antes de entrar ligava a cafeteira, previamente preparada na noite anterior, ao vestir a roupa tomando o café fresquinho, ligava a TV para ouvir se não havia nenhuma greve, rebelião, assalto, sequestro ou algum tipo novo de violência gratuita, precisava estar preparado, pois a vida não é fácil.
Durante o dia ficava de olho nas cotações, bolsas de valores, câmbio, fundos, índices econômicos, tinha que ficar atento, podia perder tudo a qualquer momento, coração acelerado, ganhava, perdia, mas no fim disso tudo o dinheiro crescia. No almoço comia um lanche, senão a dor de estômago me matava, pensava em procurar um médico nessa hora, me sentia frio, suava, mas sempre passava, depois eu irei, eu pensava.
Corria para o escritório, debaixo de um sol que torrava, encontrava o elevador cheio e subia pelas escadas, retirava a gravata no caminho, colarinho todo molhado, entrava porta adentro e me sentia no paraíso, ar condicionado fresquinho, água gaseificada e gelo a vontade, tudo do jeito que eu sonhava, menos os espirros mais tarde.
Telefone começava a tocar, e-mail chegando, confirmava compromissos, remarcava imprevistos, atendia celular, escrevia no Twitter, Orkut, Facebook, o Messenger sempre aberto, conferência no Skype, pensando no chegar em casa para continuar minha Pós-graduação online.
Dentro do meu escritório minúsculo, não me sentia sozinho, contava com milhões de amigos na frente do meu PC. Secretária para quê, eu pensava, era mais uma despesa que economizava. Nunca usei office-boy, nem mesmo ia ao banco, contas no débito automático, compras entregues na portaria, frutas sempre fresquinhas que o mercado mesmo escolhia.
Mas hoje me senti estranho na hora de sair, estômago doeu, mas não tinha fome, pescoço endureceu, braço adormecendo, o peito doeu de um jeito que me fez gritar de imediato, mas o som não saiu, a impressão é de que a garganta secou e a língua dobrou de tamanho. Nunca desejei tanto alguém junto de mim, seria derrame ou infarto, não interessava, só me arrependi de estar sozinho no meu fim.
De olhos fechado ouvi a porta abrindo, senti o calor da luz acesa nas pálpebras, senti a vibração dos passos de alguém aproximando-se, até que uma voz disse firme e convicta: "acorda e levanta". Abri os olhos rapidamente, todo suado, ofegante e ao olhar para cima vi um gigante, forte, esbelto, todo de branco, de braços abertos, me estendendo a mão e logo após pegando-me no colo, abraçando de um jeito tão terno, que gostaria que o abraço fosse esterno.
Ele me disse, agora está tudo bem, calma, abracei-o mais forte, as lágrimas rolaram, tudo bem?, balancei a cabeça que sim, o que lhe afligia acabou, tudo foi apenas um sonho com final ruim, minhas lágrimas pararam e senti sua mão enxugando e acariciando meu rosto, você sempre será meu menino e quero que me prometa manter para sempre seu coração de criança, concordei balançando a cabeça, ele me deu um beijo e disse, agora durma em paz.
Foi saindo de mansinho e antes que ele acabasse de fechar a porta eu disse bem alto, PAI, ele me fitou com seus olhos brilhantes, um sorriso do tamanho do universo e com aquela sabedoria que só os pais têm disse, eu já sei filho, fechando a porta devagarinho: "Eu também te amo"!
Joakim Antonio
sábado, 7 de agosto de 2010
A rosa
terça-feira, 3 de agosto de 2010
noite descontraida
molhada de chuva
pontos iluminados pelas
luzes dos postes
passeiam -
salvos em instantes por
não pensarem em nada
domingo, 1 de agosto de 2010
sobre chá e colheres

com gravidade do aroma
com a pureza da água
na febre de folhas e flores mortas
o chá esfria
desinteressado do universo
ou do verso paralelo
não cabe nos dias
ou tão pouco se ilude em horas
o chá esfria
diluído em xícara
surrado por colheres
da direita para esquerda
decanta visceral
são cinco horas
e está tudo bem.