terça-feira, 28 de agosto de 2012

sem sentido


olhei para o alto; lá estava robinho, sobre o telhado
seus olhos perdigavam nalgum ponto do globo 
não havia esperança de nuvens
nada, além de um infinito incógnito azul sobre nossas cabeças
uma gota de suor desceu seus olhos no momento que transpus o último degrau no topo da casa
robinho e eu olhávamos o mundo dos homens de cima
como previ um momento existencial transpondo o limite diário das nossas vidas
ousei indagar sobre quais meandros do universo metafísico pairavam suas considerações requintadas, sem dúvida alguma povoadas do mais altos significados místicos
e de tais revelações sobre o sentido da vida, dessas mesmo de preencher a alma do homem
como a língua preenche o interior da nossa boca
lambi os lábios
que foi robinho?
não ouvi resposta
seu rosto sem consideração alguma pelo diálogo profano dos homens
respirou fundo
a mente, estrangeira ainda ao mundo das formas mundanas
palmilhava pouco a pouco seu caminho de volta
eu podia ver pelo modo como se recompunha que levaria muito tempo ainda
até que pudesse se acostumar de novo à densidade de nossas misérias
meu ar travou na garganta
senti que meu amigo estava prestes a desferir a primeira sentença iluminada
coçou os olhos
e disse:
" É, o baguio é doido".

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