segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Ode à Igualdade*


Inadvertidamente tropeço no avesso das palavras
Possuem um vazio, um eco inaudível
Um silêncio que se mistura à repugnância da vida
Todas as frases e poesias vêm carregadas do acre gosto
E, ainda, do cheiro podre
De vestimentas que encobrem o corpo lazarento
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Impossível incorporar multidões
Onde o que há é apenas vazios, infindáveis vazios
Desertos de silêncio que encobrem o grito maldito
Que ecoa dos infernos cavernais
Onde o corpo lateja em desejos de vingança
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É preciso se conter, conter os espasmos
Que revelam o lado claro, o lado lúcido
Das coisas obscuras
É preciso reviver os enigmas,
Dar vida aos segredos
Tirar das palavras o que há de mais reles,
O que há de pecado original
Causando nos espíritos o gozo
Que vai além dos sentidos
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Os passos descompassados fazem o eixo certo
Atravessam com exatidão a linha divisória entre a vida e o não viver
E, não viver é crime contra a própria vida
Ter medo dos prazeres, ou ainda, ignorá-los é crime maior que qualquer pecado

...............................................................................................[que se diga original
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Não há originalidade no que é inventado como preceito de escravidão
Apenas absurdos
Declara-se desde então, no momento crucial em que a poesia sai do casulo estigmatizante,
Que a partir de agora
Todo o misticismo é simplesmente pó da estrada
Que todos os deuses estão condenados ao esquecimento
E que o homem, em seus atributos cedidos pela natureza evolutiva,
Está apto a conduzir
Através dos anos sua vida, correndo o risco de incorrer em suas próprias escolhas,
Pois já não há céu sobre si,
Já não há quem o guie, quem o marionetize,
Quem por fetiche o torne fantoche da existência.
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Eis que o homem é senhor de seu tempo
E reconhecerá em si, o princípio das coisas
E seu final, crucial na imensa cadeia que se liga em amplitude
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Eis que o homem pode e deve se transformar
Sem os transtornos de estar amarrado pelas mãos
Liberto das correntes que o condenavam desde o nascimento
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Eis que o homem é dono da história
E pode, pelo poder que dispõe, lutar pela sobrevivência
Sua e de seus semelhantes,
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Eis que suas mãos podem fazer justiça contra os comparsas,
Contra toda e qualquer forma de enganação que visa manipular,
Destruir ou escravizar
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Eis que o homem é irmão de todos, e a terra, esta grande mãe,
Os abraça com igualdade,
Igualdade tal que deve ser em seu sentido completo
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O único sentido para todos os homens.

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Poema do livro ITINERÁRIO FRAGMENTADO que será lançado dia 13/09/2009 as 20h, na XIV Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Estande da Litteris Editora, no RioCentro.

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