Fábula segunda – esofagite
Todas as estatísticas sorriem para mim:
sou um entre as migalhas moídas pelo trânsito.
Meu nome corre entre os que matam
por gosto ou dinheiro –
capa de jornal sensacionalista, de ontem,
me explica como serei vítima de latrocínio.
Um merda sorri no algodão ariano de minha t-shirt,
e é vermelho o papel em que escrevo,
vermelhos os livros de história,
menstruados na estante.
Falo de amor contigo
em meu celular movido a lithium:
você me conta que nosso filho irá se chamar Citotec.
Somos felizes para sempre.
* Do livro Comerciais de Metralhadora
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