quinta-feira, 7 de julho de 2011

Uma tentativa poética***

A poesia se move silenciosa
No interior das coisas
Como serpente à espreita
Espera o tempo exato
Num bote certeiro
Mordendo as palavras
Arrastadas ao ninho
Úmido e fecundo
De pensamentos indomáveis

A poesia é como o urro da fera
Na noite escura
Cerceia a presa, se impõe
Enclausura o verso
Em cadeias extensas
Devora, domina, suprime
Significados

A poesia arrasta em sua onda
O poeta –
Que anda em sonhos, em círculos,
Em sendas – perdido.

Como gato acuado
Ela salta, cai de pé,
Se equilibra nos telhados,
Sob a luz da lua
Uiva ociosa no cio.

Impúbere debutante
Em sonhos de ontem.

3 comentários:

L. Rafael Nolli disse...

Arrebentando, como sempre, Flávio!
Abraços!

Ana Izaura disse...

Flávio, excelente poesia! Gostei muito!

Valquíria Calado disse...

A poesia é mistura de melhor amigo, conficionário e divã de analista, é um porre que esvazia, e faz um bem danado.

Beijos amigo querido.