sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Atração Circense


 

Fossem malabares
dançaria faixas alternadas

grafismo menina multicor

a pipanoar pelos ares

deboche de meias listradas

faísca frufru sapatilha

Só ilha de vida no asfalto

Fosse do alto
desceria em feixes

desfiaria em panos

a apologia do deslize

e da perícia

que dissimula o esforço

e fixa a beleza fugidia

até no escorço improvável


Fosse calibrável
o senso por um fio

na trama dos olhares

que pleiteiam o mergulho

secando a linha reta

deixaria a perna bamba

de tanta corda e tanto fôlego

a desfiar a malha



Se não me falha

a percepção desgastada

existem outras modalidades

Não nomeio as peripécias todas

que mantém o espetáculo

de viver no encalço

do auge e da surpresa

 

Só tenho a certeza
de me chacoalhar

a vibração sonora

dum festival de risos

enquanto equilibro

na graça dos mímicos

meu nariz ridículo

híbrido palhaço

sobre o monociclo

a gritar com as mãos

a tragicomédia

dos amores vãos

Lábios encerados
num esgar carmim

cedem a palavra

aos movimentos táticos

que calam bem fundo

a malfadada sina de ser arlequim

quando já fomos mágicos


Iriene Borges

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