XXV
29/07/03
Eu sou um caçador que mergulha na mais nevoenta floresta para dar cabo à caça. Eu caço belas palavras com as quais lapido feios poemas. Eu sou o verdadeiro aproveitador, aquele que, por um mero acaso, tem o sótão aberto por onde os bichos-idéias vêm ver o mundo exterior e os abate, cruelmente, para expô-los em folhas mortas.
29/07/03
Eu sou um caçador que mergulha na mais nevoenta floresta para dar cabo à caça. Eu caço belas palavras com as quais lapido feios poemas. Eu sou o verdadeiro aproveitador, aquele que, por um mero acaso, tem o sótão aberto por onde os bichos-idéias vêm ver o mundo exterior e os abate, cruelmente, para expô-los em folhas mortas.
Eu sou o sublime egocêntrico que mostra o pensamento morto como bichos doentios em um zoológico; que faz do crânio um pequeno alçapão, uma minúscula prisão, um Awschitz, para arrancar pobres palavras feridas nas moitas, abatidas nos cantos e revelá-las sem vida, sem brilho.
Pois vê, que serviço sujo e ingrato: adentrar no fosso de minha mente e arrancar de lá uma dúzia de palavrinhas mortas para exibi-las, assim, como medíocres bichinhos empalhados, encharcados de formol, impedidos de sua sina derradeira
– feder.
– feder.
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Um comentário:
Texto incisivo e verdadeiro!
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