segunda-feira, 20 de abril de 2009

Outono... Inverno... (repetição e liberdade)






Em uma noite fria espiava pela janela uma velha Senhora triste. Vestida com meias e cachecol, luvas e casaco, lamentava a sua sorte, procurando fiapos de lembranças para tecer tristezas.


Da frigidez das ruas, espiado por aquela Senhora, um velho Senhor sujo transita livremente na esperança de encontrar algum canto que possa se encostar, que possa aquecê-lo.


Um deseja estar no outro, nenhum suporta o espaço que lhes é dado.


A Senhora queria poder andar novamente, transitar pelas ruas, como fizera no passado. O Senhor queria ter um canto onde repousar, um lugar para acomodar as suas idéias.


Entre a limitação e a amplidão, repousa o lugar que todos queriam alcançar.


Mas, viver é transitar.


Estar em trânsito é saber suportar a impossibilidade de uma liberdade certa.


Somos Seres em busca, buscamos as certezas. Mas, as certezas nos acorrentam, fecham, atam, aniquilam, impede-nos de transitar.


Acertar é aprender a transitar entre as incertezas, tocar verdades sem querer trancá-las em um quarto quente, valorizar a liberdade sem fazer dela um modo de vida.


Nada é.


Tudo o que há são possibilidades de ter sido de outro modo.

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