Uma vez um crítico, falando sobre Tropa de elite, afirmou que antes, ao se
fazer cinema, se buscava uma conscientização maciça, um coquetel de
ensinamentos em dose única para o inconsciente coletivo da plateia. Opinou que
o filme talvez seja uma experiência antiartística.
Os que vão assistir a filmes assim estariam em busca não de mais um triler de violência enquadrado na ancestral
fórmula maniqueísta. O público, de fato, estaria atrás de alimentar sua
necessidade de vingança.
Eu me pergunto, apenas, como
procurar resolver nossa vingança enrustida numa sala de cinema. Ou lendo um
conto. Ou visitando uma mostra de quadros. Busco nessas formas de arte, ainda (e,
se for verdade o pensamento daquele crítico, talvez seja dos poucos que restam),
respostas que me afirmem que não somos seres acostumados à violência, à
corrupção, ao ódio. E que me garantam que nada disso virou norma, culto ou
instituição.
Não me interessa na arte a antiarte. Ela já está nos jornais e pode deixar em paz os livros.
Está nos noticiários da tevê e não precisa se transformar em imagens para as
câmeras dos cineastas. Um livro ou um filme que desperte minha sede de vingança
contra um assassino me provaria que estou preso ao chão pela mesma raiz que
ele, e não passaríamos de dois troncos crescendo sob a ilusão de estar
separados. Não tenho, juro, qualquer ligação subterrânea com Jack, o
estripador.
O mundo, muito mais que de vingadores, tem é
necessidade de artistas. Estes, com suas músicas, obras, imagens e poemas, não
consta que já deram a alguém motivo para uma vendetta. Nem mesmo ao V.
Um comentário:
Não creio que todas as pessoas buscam o que o tal crítico falou, as pessoas buscam diversão, entretenimento. Algumas, mais que outras, gostam de ver filmes de terror pelo simples fato de ser horrivel, de sentire, prazer em ver a tortura ou coisa do tipo. Mas vingança. Isso não, creio que não.
UM abraço e tudo de bom!
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