segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Não sou da mesma raiz que Jack


Uma vez um crítico, falando sobre Tropa de elite, afirmou que antes, ao se fazer cinema, se buscava uma conscientização maciça, um coquetel de ensinamentos em dose única para o inconsciente coletivo da plateia. Opinou que o filme talvez seja uma experiência antiartística. Os que vão assistir a filmes assim estariam em busca não de mais um triler de violência enquadrado na ancestral fórmula maniqueísta. O público, de fato, estaria atrás de alimentar sua necessidade de vingança.
            Eu me pergunto, apenas, como procurar resolver nossa vingança enrustida numa sala de cinema. Ou lendo um conto. Ou visitando uma mostra de quadros. Busco nessas formas de arte, ainda (e, se for verdade o pensamento daquele crítico, talvez seja dos poucos que restam), respostas que me afirmem que não somos seres acostumados à violência, à corrupção, ao ódio. E que me garantam que nada disso virou norma, culto ou instituição.
Não me interessa na arte a antiarte. Ela já está nos jornais e pode deixar em paz os livros. Está nos noticiários da tevê e não precisa se transformar em imagens para as câmeras dos cineastas. Um livro ou um filme que desperte minha sede de vingança contra um assassino me provaria que estou preso ao chão pela mesma raiz que ele, e não passaríamos de dois troncos crescendo sob a ilusão de estar separados. Não tenho, juro, qualquer ligação subterrânea com Jack, o estripador.
O mundo, muito mais que de vingadores, tem é necessidade de artistas. Estes, com suas músicas, obras, imagens e poemas, não consta que já deram a alguém motivo para uma vendetta. Nem mesmo ao V.

Um comentário:

Mago disse...

Não creio que todas as pessoas buscam o que o tal crítico falou, as pessoas buscam diversão, entretenimento. Algumas, mais que outras, gostam de ver filmes de terror pelo simples fato de ser horrivel, de sentire, prazer em ver a tortura ou coisa do tipo. Mas vingança. Isso não, creio que não.
UM abraço e tudo de bom!