Espiei curioso pelas duas janelas da face
Dentro da frágil casa de carne, ossos e já poucas vísceras
E assim vi um ego formoso de terno fino a mesa
Brindando com tal de "Sr. Sucesso Moderno"
Levantando uma taça de sorriso tinto barato, escarrado...
O tim-tim das taças rimavam com gemidos do quarto escuro do ser
Onde a alma se prostituía fervorosa com a insanidade,
Produzindo sons que seduziam até o celibato do racional
Ao lado e em pé vi uma mulher frágil, esquecida e suja
Vagava pela casa com um olhar tenso, vazio e preocupado...
Era a identidade, estava cheia de "se" e vazia de si,
Poderia ver-se num espelho que não reconheceria a si própria...
Queria encontrar a si apenas se fosse num lugar fora dela
Por fim percebi algo passando rápido e rasteiro,
Era a mente, que parecia estar com disenteria
Corria despejando fezes midificadas pela a casa...
(suspiro)
Isso tudo apenas com o rosto de frente para um espelho
Num mais um dia qualquer desses por aí...
Não é à toa que a auto-crítica é a mais odiada pela casa,
Nessa casa composta apenas de um cômodo... Eu, acomodado...
Augusto Sapienza
Um comentário:
Adorei! Ao mesmo tempo surrealista e acertivo, muito bacana, ótimo desfecho!
abs
Jardineiro
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