terça-feira, 7 de abril de 2009

Perdoa-me o silêncio
Já não há outro caminho
Senão resguardar-me da angústia.
Não fosse essa falta de abraços
Haveria nos lábios o antigo sorriso.
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Perdoa-me o desencontro
Já não há outro caminho
Senão encruzilhadas perdidas.
Não fosse essa falta de sorrisos
Haveria ainda muitos sonhos.
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Perdoa-me a dúvida
Já não há outro caminho
Senão um vulto de incertezas.
Não fosse a distância dos sonhos
Haveria ainda um mundo inteiro.
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Perdoa-me as lágrimas
Já não há outro caminho
Senão esse rio de misérias.
Não fosse a ausência de olhares
Haveria em mim resquícios do que fui.
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Perdoa-me a loucura
Já não há outro caminho
Senão encarar a hora fatal.
Não fosse a indiferença das palavras
Haveria uma vida a viver.
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Perdoa-me o verso
Já não há outro caminho
Senão abismar-me na poesia.
Não fosse a dose mortal
Haveria ainda um último romântico.