sexta-feira, 1 de abril de 2011

me abril

como quem chove nas pedras
mas hei de achar cura para o mal
que confessou ao pé do meu ouvido
é sua mentira perfeita que me quebra

já não fecho os olhos quando
me ama e quando me cega
queria eu ser pega no medo
que arfa a venta e cessa a fala

não rezo mais e estou presa
nos seus dedos contas do terço
que já não expiam-me devoção
aqui atolo-me nas heresias tolas

o reflexo do olho ingratidão
de conjugação oposta ao sim
créditos não me compram mais
só contas de lágrimas vazias

distante e tão perto me faz elegias
e tento respondê-las num ato falho
mas encontro-me só e tão vazia

tento me afastar desse tormento
orei meu abismo aos bárbaros
e eles ainda riram de mim

e se ainda consegue me ver
mate-me com ódio e fúria
que não quero mais nada de nós.

3 comentários:

Sylvio de Alencar. disse...

Alguns sentimentos nos grudam como tragédias.

Lindo poema, Larissa!

Graça Carpes disse...

Doloroso... Abril.

Khalila Neferet disse...

Excelente combinação de imagens e textos.