segunda-feira, 7 de abril de 2008

Suspiros da Carne

Sensual Rieke Berg


Descaradamente reapareço neste espaço. Após a ausência no mês passado, venho um dia (ou seria um mês e um dia?) atrasado, pedir desculpas pelo mês que passou em branco. Aproveito e deixo um conto tão descarado quanto eu. Abraços Poéticos.

Flávio Offer
08-04-2008.


Suspiros da Carne
....Meu verbo amofina-se. O desespero é a medida da esperança. Espero em vão. Corro ao quarto escuro, sob os lençóis contorço-me como um feto. Recolho-me sobre a pele, sobre o cobertor, entre paredes mofadas que me isolam do mundo. O espírito é impelido a uma multiplicidade de pensamentos que me enlouquecem. Talvez Sofia tenha razão. Estou obcecado. E, minha paranóia se intensifica. Faz seis meses que ela se foi e ainda não consegui desgarrar-me. Era tão dependente, que ainda a vejo entrar pela porta sorrateiramente, sob aquela peça única de seda transparente, seus mamilos despontando sob o pano e, a silhueta de seu corpo desfilando pelo quarto. Sua dança incendiava-me. Meu refúgio eram suas delícias, fugia do mundo, sentia-me completo.
....Ela foi embora dizendo que não dava pra ser assim. Minha paranóia lhe perturbava, não era o que queria. Não quis assumir um compromisso, contrair matrimônio seria o último dos males e, ela não aceitou. Era como todas as outras queria toda depravação que tinha a oferecer, mas queria de papel passado, véu, grinalda e tudo que dizia ter direito. Novamente me vi só. Minhas buscas se tornaram freqüentes, queria compreender a dimensão do que se passava na cabeça de Sofia, mas ela recusou me ouvir. Bebi. Comprei um revólver a fim de dar cabo da vida, porém, sou covarde demais pra buscar a morte com minhas mãos. Meus desvarios passaram e, agora percebo que o que mais amei em Sofia foi sua capacidade de abrir as pernas nos lugares mais inusitados. Amava sua ousadia. Amava quando se prostrava diante de mim dizendo-se adoradora de meu membro sagrado e, beijava-o impetuosamente. Gostava mesmo era de seu instinto de puta, sua animalidade transtornada, seu desejo de me engolir inteiro. E, trepávamos todos os dias, todas as horas, todo instante em que nossos corpos insistiam em nos chamar a alcova. Afundávamos neste abismo de luxúria. Ela me deixou só, com duas mãos exaustas. Não escrevo mais. Tudo que me sai é depravado. Tornei-me um depravado. Durmo com as putas da rua de baixo e acordo com elas. Meus dias se resumem a isso. Noites pérfidas em uma loucura tão minha.

Um comentário:

Glauber Vieira disse...

Eita cara apaixonado! Bom texto!