sexta-feira, 23 de abril de 2010

Morte Súbita

Subtraio a vida de repente
e vejo o sangue
escorrer devagar;
tudo acaba.
(Um copo de vinho)
Pedem para continuar
suplicam aconchego,
é cômico
ver o canivete cego
tentar, inutilmente,
rasgar a pele...
derme... epiderme...
Uma pedra? Uma faca?
talvez fogo
lento e doloroso.
Com uma incisão profunda
a veia, vazia de vida
vermelho-vivo,
valsa e versa
vez ou outra pelo corte:
o decote aberto
o peito
abrigo incerto para a morte.
Má-sorte que lhe veste tão bem.
(Demência)
Uma orquídea negra na lapela,
tão bela!, é a marca dessa farsa
- segue a marcha fúnebre.
Negue essa morte
súbita e louca!
Peça que ela te leve
e enterre tudo o que passou
e o pouco que ficou.
(Surreal)
Só uma gota de veneno
no sangue
e num instante a vida vai.
Espere!
Tentar conter o rompante
de lágrimas frias
que lavam o rosto
exangue, doente...
O fim está na janela
à espreita.
Paraíso? Purgatório?
Ou o perdão... não sei
o destino é com ela
mas acendo essa vela por sua alma
para que a passagem
seja breve e calma.
Um nó na garganta
a língua cala
o amargo ainda vem.
(Bucólico)
Atiro... e despetalar uma flor
é tão simples que rio... rio...
Serei julgado, eu sei
mas hoje fui contratado
para buscar essa vida.

2 comentários:

Cris disse...

Fala sério, héin? Você anda lendo literatura de vampiros demais... adorei. Frio como o gume de uma faca.
Beijo, mórbida poetisa.

Joana Masen disse...

Da série de comentários mais aguardados... eis que surge Cris Linardi, rsss. Minha companheira de poesia e textos loucos.
Obrigada, sempre.