domingo, 25 de julho de 2010

Quando a saudade vem




Há em todos os momentos aquela brusca sensação de saudade, do sentir que se foi, mas se gravou. Vem-me à tona ilustres imagens do que vi, vivi e senti. Assim com isso a vida enche-me de saudade, me entorpece com aquele frescor de manhã, e me envolve com uma perene sensação cálida e boa. A saudade bate à minha porta trazendo consigo as mais tenras lembranças e as experiências mais marcantes de tudo o que presenciei. São momentos isolados, marcados para sempre e enraizados no coração. São registros de grandes desafios, de erros suprimidos, acertos contemplados, sentimentos reprimidos, aprendizados absorvidos, amizades conquistadas e dores sentidas.

Então, há saudade daquele olhar fascinado diante de uma fascinante multidão, e do sincero sorriso em resposta à gratidão. Está nos brilhos dos olhos dos amigos, na certeza de que pra todo e sempre haverá uma cumplicidade. Saudade sempre do tempo em que vivi junto, seja no ontem ou no hoje, ou então da solidão que me é útil. Essa falta que me faz, todo esse vapor pulsante que me abre os olhos, me carrega a sonhos inexplorados, abrange minha capacidade e me eleva em sensações jamais mensuradas. A saudade se finca no meu coração, e nesse reduto se faz presente e se mostra em mil faces. É revelado a mim os segundos que se passam lentamente.

Ela vem e me mostra o quanto ainda sinto falta daquele tempo antigo, que cheirava a flor do campo, daquele tempo que valia um sentimento real e verdadeiro, que as pessoas se conheciam e que o romantismo era um vício saudável. Sinto falta do obrigado, do beijo, daquele abraço confortado e de toda geração que cantava músicas de verdade. Sinto falta do que hoje está tão fora de moda: do amor. Sinto essa falta anunciada nas minhas lágrimas, de emoção. Como sinto falta do olhar sincero e puro de cumprimento... Saudade do apelo, do choro, do aperto de mão, da luz das estrelas, da ingenuidade da criança.

A saudade me transporta até aqueles momentos que por mais curtos que sejam se tornam eternos. Soa em minha mente sinfonias de um bem e de uma energia positiva. Fixo-me nessas linhas, perfumo o lugar e começo a voar. Quando a saudade vem, tudo se anexa, se encaixa e se mexe. É aquela luz no fim do horizonte, é aquela no fim do arco-íris. Quando há saudade, eu apenas durmo e acordo em sonhos já vividos, para sentir novamente aquela sensação alegre, de muita felicidade. Porque mesmo que não volte, cada momento está vivo na minha memória.

Se a saudade vem, é porque eu amo.

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