é noite e microssaias nos passeios
ofertam seus serviços e atributos
olhando carros cheios, vários putos
perguntam preço, pedem fantasias
e – regra de mercado – negociam
carícias, falas, posições, minutos
cavalas dadas mostram dentaduras
com hálitos alcoólicos, mentiras
atiçam vaidades como piras
o fim perdoa a usura dos seus meios
sussurros solitários pedem beijo
insatisfeitas lábias à procura
à noite alguns desejos ganham fúria
e tons enrubescidos são desfeitos
de madrugada o nome faz sentido
e a puta assume a máscara que cria
é filha, insulto e mãe da criatura
rebola, entre a cobiça e a água fria
ciente que alma triste não tem cura
mas finge, e qualquer trago lhe alivia
e o dia que alvorece, tão sem culpa,
ofende como fosse hipocrisia
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