"Ao mesmo tempo tudo parece estar numa velocidade vertiginosa, tudo corre. A chuva desce rápida pela janela, um carro acelera na avenida ao lado, meu sangue recebe uma carga extra de adrenalina e minha vida passa diante dos meus olhos em questão de segundos. 
Estou sentado na minha cama, com um cara apontando uma arma para a minha cara. 
A chuva pára como começou, de repente. 
'-Foi você não foi? Não foi?' Ele grita. 
Escuto o carro bater num poste. 
Nos assustamos com o barulho, mas ele não tira os olhos de mim. 
Sinto minhas mãos tremerem, meu rosto gelar. Acho que agora foi a vez do meu sangue parar... 
Daqui a pouco será a minha vida que irá pisar no freio. 
Mas não sou mané, levo as mãos até ao meu rosto e abaixo a cabeça, numa atitude natural de desespero, e rapidamente puxo o tapete em que ele estava de pé. Estava. Já me levanto pisando no saco e chutando a sua mão armada. O tiro acontece, mas nem sei onde vai parar a bala. Pego a sua cabeça e começo a bate-la no chão, gritando.Uma.Duas. Três. Quatro vezes. 
'-Fui eu. Fui eu mesmo! Fui eu SIM! FUI EU!!EU!!!' 
Me sujo com seu sangue. Saio de casa e consigo parar um ônibus. 
'Estou fazendo amor com outra pessoa...' 
Não podia ser pior. Mentira. Tudo sempre pode piorar. A minha vida é prova disso. 
'...mas meu coração...' 
Quase uma prova morta. 
'...vai ser pra sempre seu...' 
Porque não existe motorista de ônibus com gosto musical? E porque tem que ser tão alto o volume? 
'...vão falar que é amor...' 
E é bem capaz, que no patético da minha vida, essa música conte a minha história atual, e seja a trilha sonora da minha morte. 
'...vão jurar que é paixão...' 
Mas nem fudendo! 
Consigo descer em frente ao Copan, e me lembro do livro do Eduf, espero ver se algum suicida cai do nada. Nada. Vou ao metrô. Melhor não, debaixo da terra deve ser bem pior para fugir. Mas porra, é mais rápido. Pego o metrô até o Brás. Pego o último trem e vou para Mauá, e vou andando da estação até a casa dela, andando e rezando para que ela não me pergunte nada. Só me empreste uma toalha, uma escova e me abrace durante o resto da noite."
continua...
4 comentários:
Bem vindo! Com enorme energia, saltando do texto, ganhando a estrada…
Fico aguardando a continuação. Dica: volta a entrar no texto e inclui um marcador com o teu nome, vai facilitar acompanhar a “contynuação”…
«… onde vai para a bala», só essa me chamou a atenção para a ortografia, aproveita e acrescenta “para‘r’”. Abraço.
Bem-vindo, Ronaldo!
bem vindo!
Seja bem vindo amigo.
Belas cenas em Sampa!
Abraços
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