Juliana Ferraz
Eu te agradeço por esse afastamento lento e gradual e pela viagem interrompida por seus perpétuos atrasos causados pelo medo de tirar os pés do chão. Agora, a cada dia eu preciso de uma roupa nova desde que minhas malas foram extraviadas para sempre com todo o nosso excesso de bagagem.
Eu te agradeço pela honestidade da sua omissão tão previsível que sempre confundi com meus presságios. Essa ida sem despedida que você covardeou: eu finjo que não sei, você finge que não foi.E a gente segue inventando que ainda se interessa pelo que começamos a construir juntos, num outro contexto, pra realçar nossos vínculos.
Eu te agradeço a descoberta de que se não seguimos juntos nessas coisas do amor,
seja porque talvez
eu, veterana
enquanto
4 comentários:
Gostei do jogo de palavras; texto reflexivo com um final nota 10!
endosso o comentário anterior
Marla... adorei teu texto... e nele viajei duas vezes, em duas leituras deliciosas. Agradeci, junto contigo, minhas experiências análogas, rs, pois os extravios sempre têm um tanto de cada uma destas coisas. O final, sim, este foi perfeito! Parabéns! Beijocas estaladas!
Belo texto,inteligente,sutilmente doloroso
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