quinta-feira, 1 de abril de 2010

disco dos símios






o vinil está sujo, a agulha vai e volta no mesmo ponto, mas ninguém desliga a vitrola. uma varejeira sobrevoa as sobras do nosso jantar, talvez o último. uma mosca consegue nos desprender da uniformidade da cena. é verde e voa rápido demais. não temos mais o que falar, só ficou a indiferença e o desprezo. Carlos num único e certeiro golpe a derruba e tudo volta ao normal. no vigésimo sexto capítulo, o relógio parou e está estático como o retrato dos três macacos. o cego insiste em ouvir, o surdo insiste em falar e o mudo cansou-se de tudo.

3 comentários:

Valquíria Calado disse...

...e alguem insiste em amar, mesmo sem ouvir, sem falar, sem escutar.

Bom dia
"Alguns pensamentos são preces.
Há momentos em que, qualquer que seja a posição do corpo, a alma está de joelhos.
(Vitor Hugo)
uma semana cheia de alegria e paz. abraços, val.

Márcia Maia disse...

Muito, muito bom, Larissa. Com um fecho demais.

Sylvia Araujo disse...

Texto incrível. Ágil, ritmado. De enfadonha, só a rotina.

Beijomeu