quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

QUAL FÊNIX

Para Mônica, claro.

Minha noiva, inconformada, dizia-me, até pouco tempo, que era minha musa “desinspiradora”. Isso porque, sabedora de meu amor à literatura, estranhou que nunca mais escrevera nada desde que a conhecera, em 2004. Consultando meus escritos – tenho o costume de datá-los – percebi que o último texto fora escrito em novembro de 2004, poucos meses após conhecê-la. Seguiram-se então dois anos e meio em brancas nuvens (ou brancas páginas...); as idéias não vinham e na única vez que me propus a sentar e escrever algo saiu um contozinho meio confuso que misturava índios, pedofilia, jogos de Internet e investigação policial... melhor arquivá-lo e recomeçar o texto mais tarde...
Até que, neste 2007, já noivo, os deuses literários se lembraram de mim e me presentearam novamente com idéias. De abril a julho já contabilizo três contos e duas crônicas, incluindo essa. Se a qualidade é melhor ou pior ainda não sei, pois só dona Mônica leu os textos e convenhamos que não posso exigir dela maior imparcialidade. Mas, vamos lá, o que importa é que estou novamente encarando o papel em branco e transmitindo minhas idéias a quem queira ouvir.
Carlos Heitor Cony também já passou um tempo nesse “branco” literário. Vinte anos. Voltou com um livro de reminiscências chamado “Quase Memória”; na época do lançamento da obra, perguntaram-lhe o porquê de seu autoexílio literário. Sua resposta soou simples e misteriosa: estivera feliz. Cony passou anos sem escrever porque a alegria familiar interna, nesse anos, estivera mais presente que as reflexões externas sobre o mundo.
No meu caso, não passei esses dois anos em branco porque vivia feliz e agora (às vésperas do casamento, vejam só...) não. Na verdade, estou também numa fase de grande alegria interna. Mas talvez, nesse hiato, estivesse focado apenas na felicidade de outra pessoa, que, por conseqüência, se espelhava em mim. Meus olhos nos seus olhos e dane-se o mundo. Agora, creio, talvez esteja preparado para, não mais de frente, mas ao seu lado, de mãos dadas, encarar o mundo e continuar essa caminhada pela vida, observando e registrando seus pormenores, suas alegrias e dissabores.

Brasília, 09/08/07

2 comentários:

L. Rafael Nolli disse...

à literatura!

Hiatos criativos são uma loucura mesmo: de repente, como começaram, terminam. Pronto, tudo volta a acontecer. Fiquei intrigado com esse conto que une "índios, pedofilia, jogos de Internet e investigação policial"!

Abraços!

Anônimo disse...

Maneiro a crônica... O engraçado, é que vou postar algo que fala mais ou menos da mesma coisa, felicidade X escrita... Sintonias, meu caro, sintonias...

ficanapaz