domingo, 18 de maio de 2008

Dos perdões nunca pedidos

“I know someday you'll have a beautiful life
I know you'll be a star
In somebody else's sky,
but why, why, why
Can't it be,
can't it be mine”[1]


Eu só queria pedir perdão. Por haver cometido com minhas novas ações, velhos erros, falhas grotescas que sempre juro não mais fazer, mas que acabo sempre repetindo, nessa rotina de desconfianças infundadas e ciúmes estúpidos.

Eu te amo. E havia vindo lhe dizer isso, que não era isso da boca para fora, que era verdadeiro e pulsante. Mas desconfio que comecei a te perder no dia em que te disse isso e agora você já não me ouve mais. Sua frieza e seu aspecto marmóreo me dão a certeza que não terei a redenção que vim buscar. Não atendes nem aos meus gritos que ecoam pela noite, soltos como corvos, fazendo revoadas sobre minha casa, nossa um dia...

Então isso é um adeus.

Parto em pedaços, enquanto me vou, mas parto com uma parte tua, levo teu olhar e teu coração comigo, pois é onde sempre deveriam estar. Vou tratá-los com o amor e carinho que merecem, os mesmos que sempre devotei a ti.

E se houver uma eternidade depois desta vida, espero te encontrar lá por acaso, em um desses dias claros, num céu de brigadeiros sem nuvens...

- É isso, doutor. O cara nem assinou a tal carta.
- Tem certeza que era o ex mesmo?
- Absoluta, o porteiro do prédio em frente o reconheceu. Veio de madrugada, encontrou a mulher com o novo namorado, meteu três tiros em cada um deles, depois escreveu isso aí na parede, com o sangue das vítimas.
- Vinte anos na polícia e nunca tinha visto algo igual.
- Pois é doutor, nem eu. O meliante ainda levou o coração e os olhos da moça!
- Já sabem alguma coisa do safado?
- Pelo que levantamos até agora, ele era metido a escritor, poeta, algo assim...
- Por isso é que eu nunca gostei desses tipinhos.
- Nem eu doutor. Fulano que fica com a fuça muito tempo enfiada em livro um dia endoida... E faz uma merda dessas.
- Indivíduos perigosos, perigosíssimos! Nunca fiquei tão enojado na vida... Agora vá na padaria do lado e me compra dois sanduíches. Final de plantão sempre me dá uma fome do cão.
[1]Eu sei que um dia você terá uma vida maravilhosa
Eu sei que você será como uma estrela
No céu de um outro alguém
Mas por que? Por quê?
Por que não poderia?
Por que não poderia ser no meu?

Black – Pearl Jam

3 comentários:

ükma disse...

Rs, "Nem eu doutor. Fulano que fica com a fuça muito tempo enfiada em livro um dia endoida..."

verdade.

òtimo texto, Cristiano. Pearl Jam tb é foda. amo.

Ruy Villani disse...

Espetacular, ovelhón.

Larissa Marques - LM@rq disse...

pois é, declarações de amor são sempre as mesmas, usou um clichê, a tal carta, para falar das dores poéticas, loucas e tão sãs.
gostei.