sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Digressão Noturna


Primeiro é o sono,
depois o peso.
O braço pesa,
as costas pesam,
as coxas pesam,
as coxas pesam é como…
Como se as cobertas afundassem,
mas mais fundo vai um tipo de sono
bêbado
que ainda não é lucidez
e sim um misto de preguiça
com sonhos inacabados.
Depois são os pensamentos
ainda murchos
que se emendam com os monstros
e com os desenhos
de ontem,
de ateontem,
e de terça.
Não se conectam,
Não.
Não mesmo.
Vão e vem,
descendo das histórias que serão emendadas daqui alguns minutos.
Então é a espera.
A espera da indecisão
e assim fica até a bechiga doer e o pênis ficar duro de vontade de mijar.
Então a perna formigando mexe
e vem a dor de cabeça.
Uma dor de quem não quer livrar-se da cama
quente
e daquela toxina
que é cheiro
o cheiro úmido
de debaixo das cobertas.
Depois… Depois é o arrependimento
de não ter feito qualquer coisa,
qualquer coisa,
qualquer coisa antes
que a dor de cabeça viesse
e que o vento do sono inundasse novamente o corpo amortecido.
O que sobra é força e falta pra levantar. Diante do fato que o dia acabou enquanto eu dormia e a noite. A noite. Antecederá todos os fatos.

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