Vivo abarrotada de almas, 
tanto novas quanto usadas,
pra mudar conforme o caso
(se uma suja, jogo fora, 
quase nunca lavo).
Algumas são falsa-cor, 
vermelhas, 
cheias de prendas e laços, 
penduricalhos mil costurados,
que já nem sei mais o nome. 
–tenho um motivo fajuto 
e sempre o sapato perfeito
pras feras que me consomem– 
Há uma de esguelha, há outra rodada,
envolta em fuxicos, ismálias
e finas organzas de musas
–amélias no forro, teresas na barra–
há uma fechada, há outra que ousa,
e não tem botões, nem amarras,
rendada com puta de esquina.
(troco a cara e o vestido 
quando aquela não mais me fascina).
Em noite de gala, 
quando o amor desvestido me despe,
me visto com fendas 
e tons de imprevisto.
Acordo no dia seguinte, num sopro,
já pano de vela que encontra 
seu porto
- alma á espera, com jeito de corpo -
5 comentários:
Gostei do jogo de palavras e da velocidade - fiel à troca de personagens.
:)
Muito bom, lembrou-me Cecília Meireles. Abraço!
Belo poema! O arremate é sensacional!
Se eu pudesse, casava com vc.
valeu pessoal!
hahahahahahahahahahaha, Paco!
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