Enquanto eu espero o tempo passar,
O tempo passa por mim,
Mas eu não o percebo.
Quando ele me diz:
- Caro infeliz,
Esquece-me!
Apaga-me da tua mente,
Pões fora teu relógio;
E abraças as horas
Que correm o seu curso lógico.
Não queiras fazê-las parar,
Nem, muito menos, mais rápido andar,
Apenas por um pedido
Infantil, desesperado,
Teu.
Saibas que elas não se curvam
Nem ao pedido despótico
De Deus.
Acaba-se assim o sermão do tempo.
E eu, que apenas percebi
A linguagem suave do vento
Espero-o ainda.
Ele se cansa e passa.
Infeliz por sua língua
Incompreendida.
- fado de toda
linguagem divina -
André Espínola
3 comentários:
Que lindo, André...Vou esquecer-me!
Beijo grande!
tem uma profundidade e sabedoria ñ muito comuns a pessoas da sua (minha) idade.
André, tenho acompanhado seus textos há alguns meses, e tenho percebido uma evolução destacada. Esse texto sobre o tempo é maravilhoso. Parabéns!
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