Tentou primeiro subornar meu querer com seu olhar de afeto
Depois inundou meu ser de suas mentiras bonitas...
Assim me seduzia. Fazia o que gosto, riscava o que detesto
Mas no fim só me dava a secura de sua persona talhada em mão hábil
Escondendo-me o que está debaixo dessa sua sedenta pele débil
Talvez até gostasse do que há nessas suas vísceras, no profundo
Já que sua talhada de pau-oco me serve só para enfeite, não me completa
Mas falar-te de coração é como dizer um adeus para um ateu...
Então lhe dou um adeus mais sincero que qualquer coisa que já viera da sua boca
Teu amar é tão quente e previsível quanto um filme barato e mal acompanhado
Onde a melhor parte é o intervalo da sua vida, mas ele nunca chega...
Meu artesão de falsidades, faça sua própria cova e lápide com alguns artifícios vazios
Se torne um Narciso de sua talhada e elaborada imagem na busca do impecável
Mas eu? Ah, se só isso me bastasse, mas sempre preciso de algo mais
Eu quero alguém com distorções, manco e infame, mas franco e (talvez) mais nada!
Acho que você não percebeu, o meu riso ali era honesto (e não era para você)...
Eu estava livre do seu "te quero", leve e letal como uma granada...
E acho às vezes que o seu ser sincero é ser falso, talvez... Ou talvez eu que não seja burra,
Sou um pluriverso dinâmico e cafona e você é estatueta numa prateleira moderninha
Você ainda me pergunta se eu tenho certeza do que decidi. Mas o que importa essa certeza?
Até os loucos têm certezas de estimação cravadas em seus hospícios
O Certo não é a questão, a questão é cardíaca e por isso ausente de certeza...
E para você? No final e na melhor das hipóteses, conseguirá a proeza de realmente
Convencer o mundo que sua talhada persona pode ter vísceras vivas!
Ah, mas só se for de vermes da madeira, exatamente aquilo que te consome...
Depois inundou meu ser de suas mentiras bonitas...
Assim me seduzia. Fazia o que gosto, riscava o que detesto
Mas no fim só me dava a secura de sua persona talhada em mão hábil
Escondendo-me o que está debaixo dessa sua sedenta pele débil
Talvez até gostasse do que há nessas suas vísceras, no profundo
Já que sua talhada de pau-oco me serve só para enfeite, não me completa
Mas falar-te de coração é como dizer um adeus para um ateu...
Então lhe dou um adeus mais sincero que qualquer coisa que já viera da sua boca
Teu amar é tão quente e previsível quanto um filme barato e mal acompanhado
Onde a melhor parte é o intervalo da sua vida, mas ele nunca chega...
Meu artesão de falsidades, faça sua própria cova e lápide com alguns artifícios vazios
Se torne um Narciso de sua talhada e elaborada imagem na busca do impecável
Mas eu? Ah, se só isso me bastasse, mas sempre preciso de algo mais
Eu quero alguém com distorções, manco e infame, mas franco e (talvez) mais nada!
Acho que você não percebeu, o meu riso ali era honesto (e não era para você)...
Eu estava livre do seu "te quero", leve e letal como uma granada...
E acho às vezes que o seu ser sincero é ser falso, talvez... Ou talvez eu que não seja burra,
Sou um pluriverso dinâmico e cafona e você é estatueta numa prateleira moderninha
Você ainda me pergunta se eu tenho certeza do que decidi. Mas o que importa essa certeza?
Até os loucos têm certezas de estimação cravadas em seus hospícios
O Certo não é a questão, a questão é cardíaca e por isso ausente de certeza...
E para você? No final e na melhor das hipóteses, conseguirá a proeza de realmente
Convencer o mundo que sua talhada persona pode ter vísceras vivas!
Ah, mas só se for de vermes da madeira, exatamente aquilo que te consome...
5 comentários:
Há tanto tempo eu não lia algo que verbalizasse o que tateei tanto e não pude.Por mais que tentasse me aprofundar, fiquei na superfície do que eu sentia de mais visceral, e quando me relia, parecia, de tão superficial, ter publicado uma mentira.
Mas as palavras se fizeram generosas com vc...E a consequência disto, foi um texto mais honesto.
Muito, muito bom.
Parabéns e obrigada!
Eu sempre trabalhei em outro nível... Sempre vi a escultura como película que envolve uma motivação maior.
Mas seu texto me faz lembrar de que motivações, são sobretudo, vivas. Não admiráveis como uma beleza, e sim como viver.
Embora, em minha eterna discussão contigo... Eu digo que não existe recheio na bala. E você me diz que o papel é, em si, a bala.
(hehehe, mas deixemos o existencialismo com a Larissa, ela deve rir quando ler isso ; )
té...
Menino, já havia lido esse texto seu, e já havia elogiado em uma de nossas conversas.
Você tem uma sensibilidade enorme para com sentidos e palavras, isso é seu diferencial, isso é que é ter estilo.
Beijo grande!
Marcos, acho que compartilhamos da mesma crença, ou estou enganada?
Mas acho maravilhoso encontrar pessoas como o Augusto, que tece uma verve sobre a crença. e sobre a bala e o papel, um dia teremos a chance de trocar umas palavras sobre o assunto.
Beijo grande, aos dois!
Há muito não via um poema assim... Talvez nem tudo que é muito perfeito seja a exatidão da Beleza... Talvez sejam máscaras que escondem a face corroída... talvez seja a nobre madeira a esconder a podridão... Talvez!?
Gostei do texto.
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