Na noite recifense,
Num céu negro,
Atravesso, displicente,
A Ponte Duarte Coelho,
E vejo,
Lá embaixo,
O rio Capibaribe,
Adormecer
Num sono calmo.
Enquanto eu, bêbado,
Vejo, tal qual um espelho,
O reflexo
Das estrelas
E da Lua,
Nas suas águas
Que, à essa hora,
Parecem-me escuras.
- de dia são apenas belas e sujas -
E vendo todo Universo
Em reflexo,
Mergulho.
- pois é o mais perto -
Bem nas águas do Capibaribe.
André Espínola
5 comentários:
Como diz bem Chico Buarque, "falar de seu quintal é como falar dos quintais de todos". Que lindo o poema, não conheço o cenário, mas acredito que seja belo como o poema.
Beijo!
A beleza toma nova forma nestes versos, agora ela não está nos olhos de quem vê, mas na mente de quem lê! O 'tornar belo' é um singelo disfarce de deuses escondidos entre humanos. Os deuses falam através de versos, são deuses caseiros, humildes e conscientes de sua pequenitude!
Somos todos assim, e, vistos por olhos e ouvidos desatentos, alheios a nossa vontade e magia.
Você descreveu uma belíssima cena cotidiana!
Vamos aceitar nosso destino ou nos transformar em humanos...Mas, não somos humanos quando somos leitores e deuses quando escritores?
Belo Poema. Gostei. Este remeteu-me a textos de outro recifense, João Cabral, em "Cão sem Plumas", traduziu bem a paisagem melancólica do "Capibaribe". Agora me reencontro com estas "águas negras e sujas" nas palavras do manufatureiro André Espínola... É o poeta cantando a imagem que traduz em sentido o que os olhos do poeta contempla ante a paisagem vista por tantos olhares...
André se mostrou um cara observador, na descrição física de um rio durante a noite, e sensível, pelo poema que escreveu. Deu até vontade de conhecer o Capibaribe!
amo Recife por demais!
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